São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Petrobras perde R$ 1 bi com petróleo caro

Consultoria estima que, desde 2003, estatal tenha deixado de ganhar R$ 7,7 bi por não repassar alta a preço de combustíveis

Contudo, estatal lucrou R$ 26,5 bi de outubro de 2008 a janeiro deste ano, quando o preço no país superava o global

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A Petrobras perdeu R$ 1,14 bilhão nos três primeiros meses deste ano com a defasagem entre os preços da gasolina e do diesel no mercado interno e o externo, segundo cálculo do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
Além dos preços, a estimativa utiliza os números de produção, importação e exportação de combustíveis no Brasil disponíveis até fevereiro e atribui uma estabilidade desses dados para março -as informações do mês passado não estão disponíveis.
Segundo o CBIE, a gasolina está 23% mais barata no Brasil que nos EUA (referência de mercado), e o preço do diesel é 11% menor no país -valores da terça passada.
"A Petrobras funciona ao contrário da lógica do setor.
Quando o petróleo aumenta, a ação de qualquer petroleira sobe. Com a Petrobras, é ao contrário", diz Adriano Pires, diretor do CBIE.
Enquanto o preço do petróleo tipo Brent subiu 6% em 30 dias, as ações preferenciais da Petrobras caíram 3,7% no mesmo período.
"A política de olhar os preços no longo prazo acaba prejudicando momentaneamente a Petrobras", diz Nelson Rodrigues de Matos, analista do BB Investimentos.
Mas, no longo prazo, a estatal recupera suas perdas, afirma o analista. Entre outubro de 2008 e janeiro de 2011 -quando os preços no país superavam os praticados no mercado internacional-, a estatal "lucrou" R$ 26,5 bilhões com essa política.
Boa parte desse ganho, no entanto, serviu apenas para compensar as perdas acumuladas antes da crise, quando os preços lá fora estavam mais altos do que no país.
Mas, desde o início do governo Lula, o balanço é negativo para a Petrobras. O CBIE estima que a estatal deixou de ganhar R$ 7,7 bilhões com a diferença entre preços internos e externos desde 2003.
A Petrobras não comentou os cálculos. Disse que "os preços se mantêm alinhados aos [das] principais concorrentes no longo prazo".

GABRIELLI
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, voltou a afirmar que, se o petróleo se mantiver no nível atual, "teremos, provavelmente, que reajustar" os preços praticados no mercado interno.

Colaborou MARIANA SALLOWICZ, de São Paulo


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