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Telefónica tenta derrubar veto pela Vivo
Espanhóis pressionam Portugal, que barrou venda da tele brasileira; UE julga caso hoje
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
Executivos da Telefónica e
alguns dos principais acionistas da PT (Portugal Telecom) tentam convencer o governo português a derrubar
seu veto à venda da parcela
da PT na Vivo à Telefónica.
A Folha apurou que as
chances de o governo português ceder são remotas. Na
visita ao Brasil em maio passado, o primeiro-ministro
português, José Sócrates,
consultou o presidente Lula
sobre a possibilidade de fusão entre a PT e a Oi.
Naquele momento, a Telefónica tinha oferecido 5,7
bilhões para adquirir os 30%
da PT na Vivo.
Lula disse que havia barreiras à criação de uma tele
luso-brasileira, mas aprovou
a ideia. Sócrates afirmou então que vetaria a venda da Vivo como forma de Portugal
ganhar tempo até encontrarem uma saída.
Para os espanhóis, a derrubada do veto seria uma forma de pôr fim às negociações
em curso desde meados de
maio. Telefónica e PT são sócias na operadora brasileira
de celular com 30% de participação cada uma.
Na semana passada, 74%
dos acionistas da PT aprovaram a venda aos espanhóis,
que elevaram a oferta inicial
para 7,15 bilhões. Mas o negócio foi barrado com o veto
do governo português, que
usou sua "golden share".
No mercado financeiro,
"golden share" é o nome dado a uma ação especial que
garante, por exemplo, direito
de veto a decisões tomadas
pelos acionistas sob o argumento de que podem colocar
em risco a soberania ou a segurança nacionais.
MAIS PRESSÃO
O governo português não
está sendo pressionado somente pelas duas operadoras. Acionistas da PT na Espanha e em Portugal ameaçaram ontem ir à Justiça, caso o veto não seja retirado.
Tanto para a Aemec, que
reúne minoritários espanhóis, quanto para a portuguesa ATM, a PT é uma empresa privatizada cujas decisões são tomadas em assembleia pelos acionistas.
"O Estado se beneficiou da
privatização da PT e segue
atuando como se ela fosse
uma empresa pública", disse
Octavio Viana, secretário-geral da ATM.
Hoje, o Tribunal de Justiça
da UE (União Europeia) julga
o processo que decidirá a legalidade da "golden share"
estatal na PT, uma ação que
corre desde 2005.
Em seu parecer, o advogado-geral da UE, Paolo Mengozzi, diz que, deixando de
lado o direito (ou não) de Portugal a ter a "golden share",
o veto só valeria caso mais de
10% da própria PT estivesse à
venda e, ainda assim, ele poderia ser contestado.
A Vivo é um dos ativos da
PT e, ainda de acordo com o
parecer, a decisão de venda
caberia aos acionistas. É com
base nisso que os acionistas
da PT e a Telefónica tentam
pressionar o governo.
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