São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Petrópolis vira polo de aviação para GE

Centro de manutenção de turbinas no Rio dobra capacidade até outubro e será a maior das cinco unidades no mundo

Com faturamento de US$ 1 bi e em expansão, GE-Celma ganha um novo centro para teste de turbinas

CAMILA FUSCO
ENVIADA ESPECIAL A PETRÓPOLIS

Com cinco centros globais de manutenção de turbinas de aviação espalhados por Europa, EUA e Ásia, a General Electric (GE) escolheu a unidade do município de Petrópolis, no Rio, para ser o principal polo de seus serviços do gênero no mundo.
Em outubro, a planta, que leva o nome de GE-Celma, ganhará um novo centro de provas, capaz de dobrar a capacidade de turbinas testadas de 400 para 800 por ano.
A câmara de testes, que recebeu investimentos de US$ 6 milhões, ou R$ 10,5 milhões, simula integralmente as condições enfrentadas pelas aeronaves durante o voo, como tempestades, neves e até choques com pássaros.
A iniciativa faz parte de um plano de crescimento da GE-Celma que prevê investimentos de US$ 50 milhões -R$ 88 milhões- até 2014.
"Ao término da expansão, revisaremos 500 turbinas, a maior capacidade entre as subsidiárias", diz Júlio Talon, presidente da GE-Celma.

A ESCOLHIDA
Quem visita a GE-Celma não encontra nenhum prédio suntuoso característico das unidades fabris da GE no mundo -ao contrário, vê galpões modestos distribuídos num terreno em aclive.
De perto, porém, a Celma, não tem nada de tímida: foi a primeira unidade latina da GE a atingir US$ 1 bilhão (R$ 1,7 bilhão) em vendas.
A companhia ganhou destaque internacional pela velocidade de entrega: 50 a 60 dias frente a até 80 dias das outras subsidiárias.
Pelo modelo de negócios da GE, a Celma retira a turbina em qualquer lugar do mundo, leva a peça por terra a Petrópolis a partir do aeroporto de Viracopos, em Campinas, onde chega ao Brasil, e faz a manutenção.
"São 10 mil peças que compõem a turbina que exigem processos minuciosos para não haver atraso", diz.
A preocupação com a pontualidade foi crucial para a Celma atrair contratos importantes. No fim de 2008, auge da crise econômica, a GE procurou unidades capazes de fazer mais trabalhos em menos tempo para ganhar em escala. "A eficiência operacional da Celma pesou na escolha", diz Talon.

DNA LOCAL
Apesar de não lembrar em quase nada a época da fundação, quando fabricava ventiladores, a Celma preserva a informalidade do início.
Não é incomum ver um funcionário dirigir-se a Talon, 48, nas oficinas para dar ideias ou mesmo conversar sobre assuntos triviais.
Boa parte dessa cultura, segundo Talon, tem a ver com o fato de 95% dos 1.050 profissionais terem nascido em Petrópolis e se conhecerem fora da empresa. Para muitos, a Celma foi o primeiro e único emprego, como no caso do próprio presidente, há 24 anos na companhia e cinco meses no cargo.
É comum encontrar famílias inteiras, como aconteceu com o soldador Abel da Silva, 78, hoje aposentado, que tem seu filho, José Luiz, 55, e o neto, Bruno, 25, ambos engenheiros, empregados lá.
O ambiente "familiar" é um dos trunfos para reter talentos. Na avaliação da Celma, os profissionais ficam motivados a permanecer na companhia por muito tempo, algo importante para serviços com alto grau de especialização. Hoje a rotatividade de mão de obra é de 2% ao ano. "A Celma vive sua melhor fase", resume Talon.


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