São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2011

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OPINIÃO

Aversão ao risco do investidor provoca cada vez menos impacto no Brasil

SILVIO CAMPOS NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O movimento de "flight to quality" -em português, fuga para a qualidade-, é normalmente visto em períodos de maior estresse nos mercados financeiros, quando os investidores reduzem seu apetite por ativos de risco.
No Brasil, embora os ativos (como moeda, títulos e ações) sigam vistos como arriscados, a percepção dos investidores internacionais melhorou de maneira acentuada nos últimos anos.
A existência de volumosas reservas internacionais (de US$ 350 bilhões), a solidez do mercado interno e a maneira pela qual o país saiu da última crise financeira são fatores que sinalizam uma melhor capacidade de absorção de choques externos.
Assim, os impactos dramáticos nas variáveis domésticas durante episódios de "flight to quality" devem ser cada vez menores.
Em situações em que as incertezas são exacerbadas, é natural que os recursos migrem para ativos que tradicionalmente são menos afetados diante de tais condições adversas.
Ao longo das décadas, os investidores consagraram alguns ativos como merecedores dessa classificação de porto seguro para momentos de turbulências fortes.
Como grande destaque, os títulos da dívida norte-americana, chamados de "treasuries", papéis considerados de risco zero e que possuem elevada liquidez nos mercados.
Curiosamente, esses títulos estiveram no foco recente com o impasse para a elevação do teto da dívida americana, que poderia ter resultado em um inédito não pagamento.
Além dos "treasuries", ouro também sempre foi muito demandado em períodos de maior incerteza, dado seu valor intrínseco e sua aceitação de caráter global e histórico.
Não por acaso, o preço do ouro tem alcançado recordes recentemente, diante do agravamento das tensões relacionadas à crise das dívidas das nações avançadas.
Outros ativos, como moedas e commodities, também podem receber essa demanda em um processo de fuga dos investidores, embora com maior risco.

SILVIO CAMPOS NETO é mestre em economia pela FGV-SP e analista da Tendências Consultoria Integrada



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