São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

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Geração 'limbo' continua à espera nos EUA

Jovens na casa dos 20 anos e com diploma de escola americana de grife não conseguem vaga na carreira desejada

Enquanto esperam que a economia se recupere, egressos de Harvard e afins ocupam subempregos


DO "NEW YORK TIMES"

Quando Stephanie Kelly, que se formou em 2009 na Universidade da Flórida, começou a procurar emprego, encontrou poucas vagas na área em que havia escolhido.
Por isso, aceitou dois empregos: secretária em tempo parcial no Museu de História Natural da Flórida e redatora free-lancer de um site que organiza "amigos secretos".
E ela aprendeu a desfrutar da vida que está levando. "Posso cozinhar e escrever no ritmo que prefiro", disse.
Stephanie faz parte do que pode ser definido como "Geração Limbo": jovens na casa dos 20 anos, com alto nível educacional e carreira em ponto morto -o que os força a enfrentar empregos deprimentes e pouca perspectiva.
Eles estão à espera: de que a economia se recupere, de que bons empregos voltem a surgir e de que surja uma boa oportunidade. Alguns o fazem com frustração por terem perdido o rumo em suas carreiras. Outros o fazem com ansiedade, imaginando como pagarão as contas.
"Fizemos tudo que deveríamos", diz Stephanie Morales, 23, que se formou em Dartmouth há dois anos e queria trabalhar com arte.
No lugar, foi ser garçonete, com salário de US$ 2,17 por hora mais gorjetas, para manter em dia os pagamentos do crédito estudantil. Mais tarde arranjou um emprego como assistente jurídica em um escritório de advocacia e agora planeja estudar direito.
"Ninguém espera que uma pessoa que acaba de se diplomar em uma universidade de elite dependa da ajuda do governo", disse Morales, que estima que meia dúzia de seus amigos recebam assistência alimentar do governo.
Os números não são encorajadores. Cerca de 14% das pessoas que se formaram em faculdades entre 2006 e 2010 ainda não encontraram empregos de tempo integral, de acordo com o Heldrich Center da Universidade Rutgers.
E há também os formandos que estão subempregados e usaram o diploma para obter empregos que não requereriam esse nível educacional. Eles trabalham em centrais telefônicas, bares e lojas.

CARREIRA ADIADA
"São parte de uma geração adiada", disse Cliff Zukin, um dos autores do estudo da Rutgers. Ele aponta que os formandos parecem estar vivendo com seus pais por mais tempo e demorando mais a ter segurança financeira.
A pesquisa da Rutgers também constatou que a proporção de formandos que descrevem seu primeiro emprego como "carreira" caiu de 30% entre os que se formaram antes da crise (em 2006 a 2007) para 22% entre os formados pós-crise (em 2009 e 2010).
Till Marco von Wachter, professor de economia na Universidade Columbia que estudou o impacto das recessões sobre trabalhadores jovens, disse que o efeito delas sobre a renda desses trabalhadores demora cerca de uma década para se dissipar.
Benjamin Shore, 23, se formou em administração pela Universidade de Maryland, no ano passado, e planejava ser consultor. Mas, em lugar disso, voltou para a casa dos pais em Nova Jersey.
Quando seus pais começaram a lhe cobrar US$ 500 ao mês de aluguel, ele se mudou para uma pensão em Baltimore e aceitou, por US$ 12 a hora, uma vaga em uma central de atendimento telefônico.
"Tenho um diploma universitário que sinto estar desperdiçando naquele lugar", afirmou. "Supostamente deveria estar fazendo algo interessante, algo que envolva usar o cérebro."
Ele abriu um site de comércio de remédios, o LongevityDrugstore.com, mas o negócio não foi adiante. Depois de fechar o site, ele trabalhou como estivador e agora pensa em estudar medicina.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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