São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

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ALEXANDRE HOHAGEN

A tecnologia dez anos depois


Estamos mais vigilantes e mais preparados para nos comunicar de maneira eficiente e mais rápida

NUMA MANHÃ ensolarada, há exatos dez anos, me preparava para tomar o café da manhã quando recebi o telefonema de um amigo.
Com a voz trêmula, pede que eu ligue a televisão para acompanhar a violência que estava acontecendo. Liguei, assisti alguns minutos da cobertura jornalística, desliguei e terminei de me arrumar como outro dia normal.
Setembro é o último mês do terceiro trimestre. Naquela mesma manhã, tinha com minha equipe uma reunião semanal para falar dos resultados. Seria uma reunião de motivação. O time deveria dedicar o máximo de energia nos últimos dias para que os resultados fossem ainda melhores.
A reunião começa e percebo que algumas pessoas do time não estão presentes. Alguém me diz que saíram cedo para acompanhar pela televisão os últimos acontecimentos.
O país começa a parar. Emoção e choro tomam conta do escritório. E só aí me dou conta do impacto emocional que um ato de violência pode ter em quem não está acostumado com ela.
O episódio acima me marcará para sempre. Aconteceu na manhã quente de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, onde morei por mais de um ano.
Na época, liderava as operações de vendas globais de uma empresa de internet.
Passados esses dez anos, muita coisa mudou. Não só a sociedade americana mudou como o mundo em que vivemos sofreu uma transformação enorme.
Há dez anos, a dinâmica de algumas indústrias era absolutamente diferente. Pense na mais óbvia: a indústria do turismo. Completamente diferente hoje. Viajar de avião passou a ser um teste de paciência. Filas intermináveis, regras rígidas, sem contar na nova indústria de produtos de higiene minúsculos.
Outro setor muito afetado foi o de energia. Como foco de ataques terroristas, o setor teve de investir pesadamente em segurança. Consequentemente, os preços subiram.
Nada, porém, se iguala às mudanças ocorridas nesta década no setor de tecnologia e de informação. Dez anos foram capazes de transformar a maneira como nos comunicamos e consumimos informação.
Hoje é muito raro os momentos em que nos atualizamos através do telefonema de um amigo. Basta pensar em como você ficou sabendo do terremoto no Japão ou da chegada dos rebeldes a Trípoli, capital da Líbia, para citar dois acontecimentos importantes e recentes.
Diferentemente da maneira como consumíamos informação há anos, sempre buscando a fonte de leitura que mais confiamos, hoje a tecnologia permite que as notícias encontrem seus leitores.
Essas tecnologias permitem que qualquer leitor defina os temas mais importantes e relevantes. Sempre atualizados. A tecnologia RSS, por exemplo, já é empregada por quase todas as empresas de mídia. Com ela, o leitor pode definir que notícias quer receber e agregar todas em uma só tela.
As redes sociais têm também papel importante. Ao escolher seguir jornais, revistas ou outros meios de comunicação pelo Facebook ou pelo Twitter, o leitor não somente recebe atualizações constantes e relevantes como pode facilmente compartilhar uma notícia com milhares de pessoas, em poucos segundos. Esta coluna tem agora uma extensão no Facebook, onde os leitores podem receber atualizações, acompanhar, discutir e sugerir temas.
Em dez anos, a maneira de acessar informação também mudou radicalmente. Com melhor capacidade de conexão e aparelhos cada vez menores e mais potentes, acompanhar um acontecimento ao vivo e se atualizar em tempo real passou a ser tarefa simples.
É a era das três telas. Estaremos sempre conectados aos nossos telefones inteligentes, computadores e, de maneira menos intensa, às televisões.
Dez anos depois, estamos mais vigilantes. E mais preparados para nos comunicar de maneira eficiente e muito mais rápida. É impossível saber o que vem pela frente.
A tecnologia é sempre imprevisível e disruptiva. É certo que também nos ajudará a evitar insanidades como as acontecidas há dez anos.

ALEXANDRE HOHAGEN, 43, jornalista e publicitário, é responsável pelas operações do Facebook na América Latina. Em 2005, fundou a operação do Google no Brasil e liderou a empresa por quase seis anos. Escreve às quintas-feiras, a cada quatro semanas, nesta coluna.
www.facebook.com/colunadohohagen


AMANHÃ EM MERCADO:
Luiz Carlos Mendonça de Barros


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