São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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É preciso saída global para câmbio, diz FMI

Dominique Strauss-Kahn, diretor do Fundo, diz que, na "guerra cambial", muitos países usam suas moedas como arma

Vice-governador do BC chinês diz que yuan terá valorização gradual, e não de 20% em 2 anos, como sugerem os EUA

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A tensão sobre uma "guerra cambial" e as pressões para a valorização das moedas da China e de emergentes dominaram as discussões no Fundo Monetário Internacional ontem, com o diretor do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, alertando para ameaças à economia global.
"Guerra cambial é um termo muito militar, mas é verdade que muitos consideram suas moedas uma arma", disse Strauss-Kahn na entrevista coletiva que antecede a reunião anual do Fundo em Washington.
"A disposição para a coordenação de políticas perdeu ímpeto (...) e o fato de que países estão buscando soluções domésticas para um problema global é ameaça real à recuperação."
O ministro Guido Mantega (Fazenda), que participa das reuniões (que começam hoje) vem mencionando há dias o potencial para "guerra cambial" e "guerra comercial".
Ele afirmou que levará ao Fundo reclamações sobre ações dos EUA que contribuíram para a desvalorização do dólar, além de renovar pedidos de valorização da moeda chinesa, o yuan.
Além do Brasil, a Suíça e o Japão intervieram recentemente para frear a valorização de suas moedas, e a tendência é que o movimento se espalhe.
Sem mencionar nenhum país, Strauss-Kahn afirmou que é necessário reequilibrar a economia mundial e que isso não pode acontecer sem uma mudança relativa nos valores das moedas. "Opor-se a isso no médio prazo não ajuda no reequilíbrio."
Indagado sobre a China, Strauss-Kahn reiterou que o yuan está "substancialmente desvalorizado" e que o país deve valorizá-lo "o quanto antes". "Dizem que vão fazer isso, mas podem agir mais rápido." Para ele, mesmo uma valorização de 20% não corrigiria sozinha os desequilíbrios mundiais.

PEQUIM RESISTE
Pequim continua resistindo em valorizar o yuan. O vice-governador do banco central chinês, Yi Gang, disse ontem no FMI que o país não concordará na valorização de 20% em dois anos, como sugerido pelos EUA, e que o processo de flexibilização será gradual.
Desde junho, o yuan teve valorização de cerca de 2%, o que muitos consideram insuficiente. Yi também disse ser "improvável" um acordo entre os países asiáticos sobre coordenação cambial.


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