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É preciso saída global para câmbio, diz FMI
Dominique Strauss-Kahn, diretor do Fundo, diz que, na "guerra cambial", muitos países usam suas moedas como arma
Vice-governador do BC chinês diz que yuan terá valorização gradual, e não de 20% em 2 anos, como sugerem os EUA
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
A tensão sobre uma "guerra cambial" e as pressões para a valorização das moedas
da China e de emergentes dominaram as discussões no
Fundo Monetário Internacional ontem, com o diretor do
Fundo, Dominique Strauss-Kahn, alertando para ameaças à economia global.
"Guerra cambial é um termo muito militar, mas é verdade que muitos consideram
suas moedas uma arma",
disse Strauss-Kahn na entrevista coletiva que antecede a
reunião anual do Fundo em
Washington.
"A disposição para a coordenação de políticas perdeu
ímpeto (...) e o fato de que
países estão buscando soluções domésticas para um
problema global é ameaça
real à recuperação."
O ministro Guido Mantega
(Fazenda), que participa das
reuniões (que começam hoje) vem mencionando há dias
o potencial para "guerra
cambial" e "guerra comercial".
Ele afirmou que levará ao
Fundo reclamações sobre
ações dos EUA que contribuíram para a desvalorização do
dólar, além de renovar pedidos de valorização da moeda
chinesa, o yuan.
Além do Brasil, a Suíça e o
Japão intervieram recentemente para frear a valorização de suas moedas, e a tendência é que o movimento se
espalhe.
Sem mencionar nenhum
país, Strauss-Kahn afirmou
que é necessário reequilibrar
a economia mundial e que isso não pode acontecer sem
uma mudança relativa nos
valores das moedas. "Opor-se a isso no médio prazo não
ajuda no reequilíbrio."
Indagado sobre a China,
Strauss-Kahn reiterou que o
yuan está "substancialmente
desvalorizado" e que o país
deve valorizá-lo "o quanto
antes". "Dizem que vão fazer
isso, mas podem agir mais rápido." Para ele, mesmo uma
valorização de 20% não corrigiria sozinha os desequilíbrios mundiais.
PEQUIM RESISTE
Pequim continua resistindo em valorizar o yuan. O vice-governador do banco central chinês, Yi Gang, disse ontem no FMI que o país não
concordará na valorização
de 20% em dois anos, como
sugerido pelos EUA, e que o
processo de flexibilização será gradual.
Desde junho, o yuan teve
valorização de cerca de 2%, o
que muitos consideram insuficiente. Yi também disse ser
"improvável" um acordo entre os países asiáticos sobre
coordenação cambial.
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