São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Guerra cambial é ameaça que não deve ser tratada levianamente

DO "FINANCIAL TIMES"

Depois de uma série de intervenções cujo objetivo era segurar o valor das moedas, as autoridades econômicas expressaram temores de uma perigosa corrida de baixa na política cambial. É uma ameaça que não deveria ser tratada levianamente.
A guerra cambial ainda não irrompeu, ao contrário do que disse o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, na semana passada.
As intervenções de Japão, Coreia do Sul, Suíça e Taiwan ao longo dos últimos 12 meses foram modestas. Mas a probabilidade de que as ações sejam renovadas não deveria ser desconsiderada.
Não surpreende que países tentem estimular suas exportações. Mas, da perspectiva global, é contraproducente. Todos os países não podem resolver seus problemas econômicos simultaneamente por meio de exportações.
A perspectiva de nova rodada de relaxamento quantitativo nos Estados Unidos e no Reino Unido, o que geraria pressão de baixa sobre suas moedas, reforçou as tensões.
O fluxo de liquidez excedente em direção aos mercados emergentes pressionaria as taxas de câmbio dos países destinatários.
Não é inconcebível que o resultado seja um círculo vicioso de reduções de taxas de câmbio para derrotar as moedas de outros países.
Caso isso venha a ocorrer, a culpa caberá em medida considerável à China. Como comprovam suas reservas cambiais de quase US$ 2,5 trilhões, Pequim intervém em escala muito maior que qualquer outro governo.
Como maior exportador mundial de bens industrializados, as ações da China têm grande impacto sobre os padrões mundiais de comércio.
Reequilibrar a economia mundial decerto requereria mais que uma flutuação mais livre do yuan. Os superavit comerciais chineses têm outras causas importantes, como baixos salários e elevado índice de poupança.
As taxas de câmbio oferecem solução apenas parcial. Mesmo assim, é melhor que a guerra falsa do câmbio não se torne conflito real.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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