São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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Clima incerto dificulta previsão de safra

Efeitos do "La Niña", que dificultam o desenvolvimento das lavouras, podem reduzir produção de grãos de 2010/11

Enquanto a Conab estima produção entre 145,7 mi e 147,9 mi de toneladas, a CNA prevê produção de 151 mi

MAURO ZAFALON
DE SÃO PAULO

Em 2011, o Brasil terá a safra das incertezas. Tudo que deu certo neste ano, principalmente com relação ao clima -que permitiu ao país produzir o recorde de 149 milhões de toneladas-, poderá não ocorrer em 2011.
Esse cenário já começa a ser mostrado nas primeiras estimativas de safra. Enquanto a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima produção entre 145,7 milhões e 147,9 milhões de toneladas em 2010/11, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) prevê produção de 151 milhões.
"A grande diferença entre os dois anos será o clima", na avaliação de José Pitoli, analista paranaense. Ele estima que, dependendo dos efeitos do "La Niña", a produção não atinja nem 145 milhões de toneladas. O efeito climático "La Niña" provoca veranicos em dezembro e em janeiro, interferindo no desenvolvimento das lavouras.
Mas, se os efeitos climáticos forem amenos, a produção ultrapassará 150 milhões de toneladas, diz Pitoli.
De fato, o único complicador deve ser mesmo o clima porque a área de plantio não sofre grandes alterações. Os números da Conab indicam que o plantio poderá atingir 48 milhões de hectares na safra 2010/11, com alta de 1,3% em relação ao de 2009/10.
Com a queda do dólar, os custos de produção estão entre 8% e 10% menores neste ano. Custos menores e preços externos favoráveis incentivaram o plantio. E um desses indicadores de plantio maior são as vendas de fertilizantes, que neste ano já superam em 3% as de 2009, diz a CNA.
"Esses números mostram que, além do aumento de área, o nível tecnológico da safra 2010/11 deve ser bom", diz Rosemeire Cristina dos Santos, superintendente técnica da entidade.
A própria Conab, que traz números de produção inferiores aos deste ano, diz que, dependendo do clima, a safra voltará a ser recorde.
Na avaliação do diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto, "se o clima for semelhante ao da última safra, podemos dizer que 150 milhões, até 151 milhões de toneladas, são bastante plausíveis".

DESTAQUES
Os destaques na produção são soja, milho e arroz, produtos que podem somar 134 milhões de toneladas, 90% da estimativa total de safra.
A área de soja já está garantida, e pode superar 24 milhões de hectares. Se o clima ajudar, a produção fica um pouco abaixo de 70 milhões de toneladas.
A dúvida fica para a produção de milho. A recuperação de preços veio muito tarde e parte dos produtores já tinha optado pela soja. Agora, com o atraso no plantio da soja, o plantio de inverno de milho pode ficar comprometido em algumas regiões, tornando a produção incerta.
Já o algodão, devido à elevação dos preços, deve ter aumento de 29% na área, segundo o melhor cenário previsto pela Conab. Se isso se concretizar, a produção sobe para 2,6 milhões de toneladas de algodão em caroço.


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