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Cruzeiros criticam praticagem em Santos
Empresas dizem que manobras de embarcações no porto são até 98% mais caras do que em outros destinos
Acusação de preço alto demais é leviana e desconsidera risco nas manobras, segundo a Praticagem de Santos
Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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Passageiros embarcam em navio no início da temporada de cruzeiros no porto de Santos; para empresas, custo para manobrar embarcações é alto
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
Os custos para operações
de manobra de navios nos
portos brasileiros, trabalho
conhecido como praticagem,
são os mais altos do mundo.
A acusação feita agora é da
Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), a organização que reúne as empresas que exploram o turismo de cruzeiro pelo litoral brasileiro.
A entidade comparou Santos com outros 53 portos, 48
estrangeiros.
Levantamento da entidade indica que Santos, uma
das principais escalas nos
cruzeiros pelo Brasil, tem
custo até 98% superior a outros portos internacionais.
Não é a primeira entidade
a se queixar desse custo.
O polêmico tema já foi alvo
de críticas do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), entidade que reúne as companhias de navegação que fazem o transporte de cargas.
Estudo feito pelo Centro de
Estudos em Gestão Naval do
Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP indicou
que os custos da praticagem
em Santos são muito mais
elevados em comparação
com outros portos.
O trabalho é questionado
pela Praticagem de Santos,
que também encomendou
um estudo à Fundação Getúlio Vargas, cuja conclusão
aponta custos brasileiros
compatíveis com os portos
internacionais com os quais
o Brasil mais transaciona.
TEMPORADA
O assunto voltou a movimentar o setor portuário com
o início da temporada de cruzeiros no Brasil.
Até maio de 2011, 20 navios de passageiros (todos de
bandeira estrangeira) vão
navegar pelo litoral do país
carregando 886 mil cruzeiristas, número que representa
um crescimento de 23% sobre o total da demanda na
temporada 2009/2010.
É um negócio ainda em expansão, embora o ritmo de
crescimento nas cinco temporadas anteriores tenha sido maior: 33%, segundo a
Abremar. Neste ano, a atividade deve movimentar
R$ 500 milhões.
O primeiro navio da frota
de 20 navios que circulará
por aqui nos próximos sete
meses -o MSC Armonia-
aportou na última sexta-feira
no Terminal de Passageiros
do porto de Santos.
Os bons resultados alcançados pelo setor têm, segundo Ricardo Amaral, presidente da Abremar, sido afetados pelos custos tarifários
nos portos brasileiros.
No ano passado, a entidade afirma que o setor pagou
US$ 51,4 milhões em taxas
portuárias. Fazem parte dessa cifra os custos pagos pela
praticagem.
Um navio de 70 mil toneladas paga mais de R$ 38 mil
para que um prático suba a
bordo para trazer a embarcação até o cais ou tirá-lo e levá-lo em segurança até a saída
do porto de Santos.
O custo da praticagem
chega a R$ 19 mil por manobra. Pode alcançar os R$ 22
mil (por manobra) se os navios forem maiores.
Navios de mesma dimensão pagam pelos serviços de
praticagem em Ilha Bela (SP)
preços entre R$ 12,8 mil e
R$ 16,5 mil por manobra. Em
Salvador (BA), o valor varia
de R$ 16 mil a R$ 17 mil.
No Rio de Janeiro, outro
destino importante, os custos são de R$ 15 mil.
Como comparação, a associação mostra que portos como Tenerife, nas Ilhas Canárias, têm custo bem menor,
de US$ 1.400 por manobra.
Em Atenas, na Grécia, a praticagem cobra US$ 2.300
também por manobra.
O custo da praticagem é
um tema que já chegou à Secretaria Especial de Portos. A
reportagem tentou falar com
o secretário especial de portos, Pedro Brito, mas não obteve retorno.
Há um projeto de lei no
Congresso Nacional propondo o fim do monopólio na
prestação do serviço e a instituição de um regime de competição.
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