São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

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CVM quer regra para divulgar Ebitda

A publicação do indicador, que mede a capacidade de endividamento da empresa, é hoje feita voluntariamente

O Ebitda é usado na análise da eficiência do negócio, pois permite avaliar a geração de resultado da companhia

GRAZIELLE SCHNEIDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) quer uniformizar a divulgação, hoje feita voluntariamente pelas companhias, dos indicadores de natureza não contábil, como o Ebitda -que mede a capacidade de uma empresa de honrar suas dívidas.
A comissão colocou o assunto em audiência pública. Sugestões e comentários podem ser enviados à autarquia até 18 de novembro.
De acordo com José Carlos Bezerra da Silva, gerente de Normas Contábeis da CVM, o cálculo do Ebitda é feito a partir de um conceito amplo: o lucro antes dos juros, dos impostos, da depreciação e da amortização.
Porém, ele explica que, ao longo do tempo, empresas começaram a fazer ajustes nesse cálculo para chegar a um resultado que considerassem "adequado" para a sua atividade, de acordo com seus interesses.
Como o indicador está sendo elaborado de forma diferente, o seu entendimento e a sua comparabilidade acabam prejudicados.
Portanto, a proposta da autarquia estabelece que a empresa deve divulgar o cálculo tradicional do Ebitda, com valores de juros, impostos, depreciação e amortização que possam ser encontrados nas demonstrações contábeis.
A companhia também pode apresentar o cálculo com ajustes, desde que fique claro ao usuário da informação quais foram os itens extras somados ou subtraídos da conta, para que, se assim desejar, ele possa refazê-la.
Silva destaca que a divulgação vai continuar sendo voluntária. Porém, as empresas que optarem por anunciar o indicador deverão seguir as regras.
Especialistas consultados pela Folha recomendam atenção aos investidores na hora de fazer a comparação do Ebitda das empresas.
"Por não ser definido como um indicador pelas práticas contábeis geralmente aceitas, não há como garantir que ele foi calculado de maneira correta. É útil por um lado, mas perigoso por outro", alerta José Paulo Rocha, sócio da área de finanças corporativas da Deloitte.
A expectativa da CVM é que as novas regras já estejam valendo para os relatórios a serem divulgados no início de 2011.

GERAÇÃO DE RESULTADO
O Ebitda surgiu para medir a capacidade de pagamento de dívidas de uma empresa. Rocha explica que, como o indicador reflete a lucratividade da companhia, quem fornece capital para empréstimo costumava usar o Ebitda para avaliar se a empresa seria capaz de pagar uma determinada dívida.
Com o tempo, o Ebitda passou a ser usado por analistas e investidores para avaliar a capacidade da empresa de gerar resultados, diz Bruce Mescher, especialista no padrão contábil internacional IFRS e sócio da Deloitte.
"Quanto maior o Ebitda, melhor para a empresa, porque ela tem maior liquidez, maior capacidade de pagar dívidas e maior geração de resultado", afirma.
"[O Ebitda] é a expressão do lucro que a operação deixa sem pôr essas coisas [juros, impostos, depreciação e amortização] aí dentro. É uma forma que você usa pra medir o desempenho do seu negócio", explica Celso Grisi, especialista em sistemas financeiros.


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