São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011

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ANÁLISE AGRICULTURA

Com maior área plantada, safra 2011/12 deve elevar estoques de milho no Brasil


DIANTE DA PUJANÇA DO AGRONEGÓCIO, JÁ ESTÁ NA HORA DE A CADEIA PRODUTIVA DO MILHO TER A MESMA EFICIÊNCIA DA SOJA

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado do milho vive um momento de euforia que não era observado havia tempos. Preços em alta, mercado doméstico crescente, exportações aquecidas e incremento no nível de tecnologia utilizado demonstram o bom momento pelo qual esse mercado atravessa.
Se, por um lado, as condições mercadológicas se mostram favoráveis no curto prazo, já há dúvidas em relação às condições de mercado para a safra 2012/13.
Em virtude da excelente rentabilidade observada para a safra 2011/12, a área plantada com o cereal na safra de verão poderá crescer mais de 12% em relação à área cultivada na safra 2010/11.
Em condições normais de clima, a produção brasileira de milho na safra de verão poderá beirar 40 milhões de toneladas, batendo o recorde da safra 2007/8.
Diferentemente de anos anteriores, neste foi possível observar um movimento no qual as negociações para a venda de insumos das safras de verão e de inverno aconteciam simultaneamente.
A oferta de preços futuros para o milho na região Centro-Oeste ajudou a intensificar esse movimento e espera-se, assim, crescimento de 5% na área cultivada com o cereal na segunda safra.
Em condições normais de clima, o Brasil colheria uma safra de inverno superior a 23 milhões de toneladas, o que também se caracterizaria como produção recorde.
Se esses números forem confirmados, o Brasil alcançaria produção de 62,8 milhões de toneladas na safra 2011/12. A colheita recorde obrigaria o país a exportar volume ainda maior para evitar, assim, excesso de oferta doméstica que viesse a pressionar negativamente os preços no segundo semestre de 2012.
É nesse cenário que as incertezas prevalecem. Com os altos preços no mercado externo, é possível que a área plantada com o cereal cresça nos EUA na safra 2012/13.
Com um nível de competitividade maior do milho norte-americano em relação ao milho brasileiro, o Brasil poderia enfrentar dificuldades para exportar volume maior do que o necessário.
Considerando um cenário no qual as exportações brasileiras de milho alcançassem 10,5 milhões de toneladas na safra 2011/12, os estoques finais do grão totalizariam 7,5 milhões de toneladas.
Claramente, o quadro seria de pressão negativa sobre os preços do grão. Por essa razão, tanto o setor público como o privado já deveriam planejar o escoamento do milho para a safra 2011/12.
É inconcebível que, diante da pujança do agronegócio brasileiro, as exportações de milho sejam apenas oportunistas. Já está passando da hora de a cadeia produtiva do milho ter a mesma eficiência da cadeia produtiva da soja.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.


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