São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

É melhor ampliar Viracopos do que começar tudo do zero

JORGE EDUARDO LEAL MEDEIROS
ESPECIAL PARA A FOLHA

O transporte aéreo de São Paulo é atendido quase totalmente por Congonhas e Cumbica (Guarulhos). Como o governo diz que esses dois aeroportos estão no limite de suas capacidades, já se estuda o terceiro aeroporto.
Isso é recomendável e saudável, mas Viracopos já existe, atende diretamente uma boa parcela do interior do Estado e talvez seja melhor ampliar do que começar do zero.
O plano de Viracopos previa duas pistas paralelas independentes, mas a prefeitura nada fez contra a ocupação irregular, chegando depois a incentivar com melhorias a área prevista para a segunda pista (Jardim São Domingos e Itaguaçu).
Com isso, a desapropriação prevista tornou-se problemática, levando à mudança da localização da segunda pista, com impactos na única área de cerrado existente no Estado.
Até 2008, Viracopos era um aeroporto essencialmente cargueiro, mas a estreia da Azul, em dezembro daquele ano, fez com que o número de seus passageiros em 2010 fosse mais de quatro vezes o de 2008.
Fez também com que a TAM e a Gol aumentassem sua presença ali, mas a Azul, que tem em Viracopos o polo central (hub) de suas operações, domina, com 65%.
Operando 26 aviões, a Azul deve receber mais 20 neste ano e, com isso, a demanda em Viracopos deve continuar crescendo fortemente. É uma pena que o aumento observado de demanda, que implicou incremento de receitas, não tenha resultado na melhora, nem mesmo na manutenção, da qualidade dos serviços prestados aos usuários.
Isso fica claro no estacionamento, em que não houve aumento no número de vagas. O terreno não é pavimentado nem há iluminação noturna apropriada.
Possui, no entanto, preços semelhantes ou superiores aos do aeroporto de Guarulhos, onde há iluminação e pavimentação.
Em fevereiro de 2001, Fernando Perrone, então presidente da Infraero, anunciava, ainda para aquele ano, tanto o início das obras do terceiro terminal em Guarulhos como as desapropriações para a construção da segunda pista em Viracopos.
Dez anos depois, a obra de Guarulhos está longe de ser concluída. A Infraero já avisou que só 60% do terminal estará concluído na Copa de 2014. E as desapropriações em Campinas ainda não se concretizaram.
O novo governo tem a obrigação de tirar do atoleiro as obras aeroportuárias necessárias. O tempo passa, mas ainda há tempo. Por pouco que seja.

JORGE EDUARDO LEAL MEDEIROS é engenheiro de aeronáutica e professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).


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