São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2011

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ANÁLISE

Mercado de trabalho, ganhos e desafios para as mulheres

CLAUDIO SALVADORI DEDECCA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nessa década que se inicia, as perspectivas para ocupação e renda são completamente diferentes daquelas que o país tinha em 2001. A economia restabeleceu sua capacidade de crescimento, geração de empregos formais e recuperação da renda.
Como resultado global para a década passada, ocorreu redução acentuada do desemprego e queda da informalidade nas diversas regiões brasileiras, e que foram relativamente mais favoráveis às mulheres. Apesar da recuperação da renda, o rendimento médio do trabalho em 2010 continuava sendo inferior ao observado em 2001, para ambos os sexos.
Contudo, os trabalhadores da base do mercado de trabalho, em especial as mulheres, conseguiram ganhos reais de renda. O resultado foi determinado pelo salário mínimo, em razão de seu impacto se concentrar nas ocupações de menor remuneração.
A relação entre crescimento, emprego e renda tem beneficiado relativamente mais as mulheres.
Cabe reconhecer que a recuperação do mercado de trabalho ainda não foi ca- paz de alterar substantivamente os perfis de baixa renda, baixa qualificação e elevada informalidade que caracterizam nossa estru- tura ocupacional.
Pode-se afirmar que são amplas as possibilidades de transformação estrutural do mercado de trabalho com redução das desigualda- des de ocupação e renda entre homens e mulheres ao longo desta década.
Contudo, tal processo dependerá certamente do desempenho econômico, de um lado, mas da ampliação do foco das políticas públicas de emprego e renda, de outro.
Além de manter a política de salário mínimo, é preciso investir na qualificação das ocupações com maior inserção da mulher, reduzir a discriminação em vários segmentos do mercado de trabalho, garantir a presença das mulheres na negociação coletiva, além de ampliar os serviços públicos de creche e escola em tempo integral.
Aproveitar tal oportunidade dependerá dos governos e da sociedade saberem tomar as iniciativas adequadas.

CLAUDIO SALVADORI DEDECCA é professor do Instituto de Economia da Unicamp.


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