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Commodities
Pré-sal levará o Brasil à Opep, diz cartel
Afirmação do diretor-geral da entidade para a Arábia Saudita é baseada na previsão de aumento da produção
Os 12 países que integram a organização exportam, em conjunto, 25 milhões de barris
de petróleo por dia
SAMANTHA LIMA
DO RIO
O crescimento da produção de petróleo, se ocorrer
como prevê o governo, credenciará o Brasil a se tornar
membro da Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo).
A afirmação é do diretor-geral do cartel para a Arábia
Saudita, Majid Al-Moneef,
que esteve ontem no Rio.
A expectativa de Al-Moneef se baseia nas previsões
do governo de que, antes de
2020, o Brasil passará a exportar 2,2 milhões de barris
diários de petróleo, graças
aos reservatórios do pré-sal.
Segundo o Ministério do
Desenvolvimento, em abril o
Brasil exportou, em média,
608 mil barris por dia e importou 423 mil -saldo de 185
mil barris. Em conjunto, os
países da Opep exportam 25
milhões de barris por dia.
"Uma das premissas para
se tornar integrante da Opep
é ser um grande exportador.
O Brasil poderá ser, mas ainda não é. A maioria das projeções mostra a produção crescendo dramaticamente.
Quando isso ocorrer, o país
estará apto. Depende dele",
disse Al-Moneef, no Rio.
Liderada pela Arábia Saudita, que tem um terço das reservas mundiais de petróleo,
a Opep reúne 12 dos países
com maiores reservas.
A maioria está no Oriente
Médio, mas há integrantes de
outros continentes, como a
Venezuela. O grupo impõe
política de preços e volumes
de produção aos integrantes,
com o objetivo de pressionar
o mercado mundial.
Para integrar o cartel, diz
Al-Moneef, o Brasil terá que
acatar as regras da associação, que impõe, por exemplo, limites de exportação e
preços aos associados.
No início do ano passado,
o então ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, havia
afirmado que o Brasil tinha
sido chamado algumas vezes
para integrar a Opep, o que,
segundo ele, vinha sendo estudado "com interesse".
Semanas depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desdenhou do suposto
convite, afirmando que "a
Opep não manda nos preços
do petróleo".
Hoje o Brasil produz 2 milhões de barris diários, volume próximo ao consumido
internamente. Parte da produção é exportada -o parque petroquímico não processa o tipo de óleo hoje predominante nos campos,
mais pesado. O país importa
óleo leve e combustível.
Para o consultor David
Zylbersztajn, sócio da DZ Negócios em Energia e ex-presidente da Agência Nacional
do Petróleo, querer entrar na
Opep é "um ufanismo bobo".
"A Opep já controlou 70%
da produção mundial. Hoje,
controla só 30%. Não sabemos que força a entidade terá
nos próximos anos, em um
mundo que busca desesperadamente por fontes alternativas ao petróleo por razões
geopolíticas e ambientais."
Considerado a maior autoridade mundial em energia e
autor do livro "O Prêmio -a
Busca Épica por Petróleo, Dinheiro e Poder", o economista Daniel Yergin disse que o
papel do país no G20 (que
reúne as principais nações
do mundo) cresceria consideravelmente caso entrasse
para a Opep.
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