São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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Commodities

Pré-sal levará o Brasil à Opep, diz cartel

Afirmação do diretor-geral da entidade para a Arábia Saudita é baseada na previsão de aumento da produção

Os 12 países que integram a organização exportam, em conjunto, 25 milhões de barris de petróleo por dia


SAMANTHA LIMA
DO RIO

O crescimento da produção de petróleo, se ocorrer como prevê o governo, credenciará o Brasil a se tornar membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
A afirmação é do diretor-geral do cartel para a Arábia Saudita, Majid Al-Moneef, que esteve ontem no Rio.
A expectativa de Al-Moneef se baseia nas previsões do governo de que, antes de 2020, o Brasil passará a exportar 2,2 milhões de barris diários de petróleo, graças aos reservatórios do pré-sal.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, em abril o Brasil exportou, em média, 608 mil barris por dia e importou 423 mil -saldo de 185 mil barris. Em conjunto, os países da Opep exportam 25 milhões de barris por dia.
"Uma das premissas para se tornar integrante da Opep é ser um grande exportador. O Brasil poderá ser, mas ainda não é. A maioria das projeções mostra a produção crescendo dramaticamente. Quando isso ocorrer, o país estará apto. Depende dele", disse Al-Moneef, no Rio.
Liderada pela Arábia Saudita, que tem um terço das reservas mundiais de petróleo, a Opep reúne 12 dos países com maiores reservas.
A maioria está no Oriente Médio, mas há integrantes de outros continentes, como a Venezuela. O grupo impõe política de preços e volumes de produção aos integrantes, com o objetivo de pressionar o mercado mundial.
Para integrar o cartel, diz Al-Moneef, o Brasil terá que acatar as regras da associação, que impõe, por exemplo, limites de exportação e preços aos associados.
No início do ano passado, o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, havia afirmado que o Brasil tinha sido chamado algumas vezes para integrar a Opep, o que, segundo ele, vinha sendo estudado "com interesse".
Semanas depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desdenhou do suposto convite, afirmando que "a Opep não manda nos preços do petróleo".
Hoje o Brasil produz 2 milhões de barris diários, volume próximo ao consumido internamente. Parte da produção é exportada -o parque petroquímico não processa o tipo de óleo hoje predominante nos campos, mais pesado. O país importa óleo leve e combustível.
Para o consultor David Zylbersztajn, sócio da DZ Negócios em Energia e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, querer entrar na Opep é "um ufanismo bobo".
"A Opep já controlou 70% da produção mundial. Hoje, controla só 30%. Não sabemos que força a entidade terá nos próximos anos, em um mundo que busca desesperadamente por fontes alternativas ao petróleo por razões geopolíticas e ambientais."
Considerado a maior autoridade mundial em energia e autor do livro "O Prêmio -a Busca Épica por Petróleo, Dinheiro e Poder", o economista Daniel Yergin disse que o papel do país no G20 (que reúne as principais nações do mundo) cresceria consideravelmente caso entrasse para a Opep.


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