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Cresce temor de uma nova recessão no próximo ano
Indicadores recentes reforçam risco de "duplo mergulho" na economia
Países desenvolvidos e mesmo a China emitem sinais de que a reação no pós-crise é menos vigorosa que a esperada
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Recentes indicadores econômicos negativos de países
desenvolvidos e até da China
suscitaram um debate sobre
uma possível nova recessão
em 2011. Isso levaria ao chamado "mergulho duplo", ou
seja, a economia global, que
se contraiu em 2008, voltaria
a se retrair no próximo ano.
"Os indicadores ainda são
mistos, mas dados recentes
do mercado de trabalho e do
setor imobiliário foram negativos. O risco de um "mergulho duplo" é real, e eu o colocaria como sendo de 1 em 3",
diz John Bowler, diretor de
risco soberano da consultoria Economist Intelligence
Unit (EIU).
Mesmo que a tese do risco
crescente de um "mergulho
duplo" -defendida, entre
outros, pelo ganhador do
Prêmio Nobel de Economia
Paul Krugman- não se confirme, é consensual a percepção de que as ameaças ao desempenho global cresceram.
Essa visão foi referendada
ontem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) na sua
atualização do Panorama
Econômico Mundial.
Em alusão à sua projeção
de crescimento para a economia global de 4,6% para
2010, que representa alta de
0,4 ponto percentual em relação ao número divulgado
em abril passado, o Fundo
alertou: "Riscos [à recuperação] aumentaram fortemente
em meio à renovada turbulência financeira".
O Fundo ressaltou a recuperação mais forte do que o
esperado nos EUA no primeiro semestre deste ano.
Mas dados recentes revelaram que as economias dos
países desenvolvidos, ainda
solapadas por dívidas gigantescas tanto do setor público
como do privado, não adquiriram vigor suficiente para
caminhar de forma mais acelerada sem a ajuda das muletas de políticas fiscais e monetárias expansionistas.
"À medida que os incentivos estão expirando, a atividade econômica voltou a patinar", diz Virgílio Castro Cunha, economista-chefe para
o Brasil e estrategista de renda fixa do Bank of America
Merrill Lynch (BAML).
PERSPECTIVAS RUINS
O número de contratos
pendentes para compras de
casas usadas nos EUA recuou 15,6% em maio em relação ao mesmo período do
ano anterior. Isso indica
perspectivas ruins tanto para
novas vendas como para os
preços de imóveis.
Dados recentes do mercado de trabalho norte-americano também têm preocupado. O saldo entre contratações e demissões (excluindo
o setor agrícola) nos EUA em
junho atingiu pela primeira
vez em 2010 uma marca negativa de 125 mil postos de
trabalhos eliminados.
Até na China, principal
motor do crescimento global,
dados que revelaram um ritmo menor de expansão da
produção industrial nos últimos meses apontam para
crescimento ainda forte, mas
com uma clara tendência de
desaceleração.
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