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ANÁLISE ENERGIA
Bioeletricidade vai reforçar a matriz energética no Brasil
JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA
O consumo de energia elétrica no Brasil deve subir
9,4% em 2010, segundo a
Empresa de Pesquisa Energética, acompanhando o
avanço econômico do país.
As projeções para o período de 2010 a 2018 indicam
crescimento médio da demanda de 5,2% ao ano.
Nesse contexto, preparar a
infraestrutura e diversificar o
perfil da matriz energética
nacional para torná-la mais
robusta e sustentável é tarefa
de todos.
A termogeração a partir do
gás natural e carvão são fontes viáveis, mas provocam
debate a respeito de sua sustentabilidade.
As usinas eólicas participam mais efetivamente na
matriz energética e constituem uma nova fonte de
energia renovável, mas apresentam incerteza em relação
à garantia de produção, pois
dependem unicamente do
regime de ventos, variável
ainda pouco dominada pelos
investidores.
Já a geração de energia a
partir da biomassa de cana,
um recurso de utilização imediata, é fonte renovável e
complementar à hídrica.
A produção ocorre principalmente no período de seca,
quando as usinas apresentam limitações no volume de
seus reservatórios de água.
O Brasil tem cerca de 450
usinas de etanol, segundo a
União da Indústria de Cana-de-Açúcar, grande parte na
região centro-sul, maior consumidora de energia.
Mas apenas 22% exportam
energia para o sistema elétrico, contribuindo com 2% do
consumo anual. Essa capacidade deve ser otimizada.
É preciso investir para elevar a produção e a eficiência
dessas usinas, tornando-as
aptas a gerar energia não só
para consumo próprio, mas
para fornecimento ao sistema nacional.
Segundo estimativa do setor, até a safra de 2017/18, se
toda a biomassa de cana disponível for aproveitada, a
bioeletricidade gerada será
equivalente a um volume de
energia próximo ao da usina
hidrelétrica de Itaipu.
A geração de energia a partir de biomassa apresenta importantes vantagens: ambientais, com baixos níveis
de emissão de gases de efeito
estufa; geração descentralizada, elevando a segurança
do sistema de fornecimento;
e a proximidade dos centros
de consumo, reduzindo custos para a população.
Assim, a geração a partir
da biomassa se apresenta como a alternativa mais sustentável para assegurar a diversificação das fontes no Sistema Elétrico Nacional.
Para que investidores e toda a cadeia produtiva acompanhem o crescimento da demanda, é necessário criar
uma política nacional que integre a energia de biomassa
na matriz energética.
Também é preciso estruturar uma agenda de médio e
longo prazos de leilões para
fontes renováveis e estimular
condições de financiamento
e incentivos fiscais para que
a bioenergia se torne, além
de limpa, mais competitiva.
JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da
ETH Bioenergia.
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