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Endividada, Daslu pede recuperação judicial
Butique vai renegociar na Justiça R$ 80 mi
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
A Daslu, maior butique de
luxo do país, foi ontem à Justiça para renegociar dívidas
de R$ 80 milhões -com bancos e cerca de 200 fornecedores- e evitar a falência.
A butique entrou com pedido de recuperação judicial
na 1ª Vara de Recuperações
Judiciais da Comarca da Capital de São Paulo. A recuperação judicial é um mecanismo de proteção contra a execução de dívidas que substituiu a concordata após 2004.
O processo de recuperação
será conduzido pelo advogado Thomas Felsberg, um dos
maiores especialistas do país
(ele cuidou, por exemplo, da
recuperação da Parmalat).
A Justiça deverá responder
em até dez dias se aceita ou
não o pedido feito ontem. Se
aceitar, o advogado que conduz o processo terá até 60
dias para apresentar aos credores um plano de recuperação e regularização dos compromissos da butique.
No plano, a loja deverá detalhar como vai obter recursos para manter seus negócios e pagar suas dívidas,
quais são suas fontes de receita e como pretende expandir suas atividades.
Os credores terão de avaliar e aprovar esse plano. Se
isso ocorrer, a Daslu terá condições de conseguir novos financiamentos e se manter.
Em um processo como esse, normalmente são pagos,
prioritariamente, os fornecedores essenciais. Dívidas trabalhistas e com os fiscos estadual e federal não entram
nesse processo de recuperação, segundo advogados.
A Folha apurou que o pedido de recuperação judicial
foi feito em articulação com
alguns dos principais credores da loja. Isso porque eles
preferem receber seus créditos a "assistirem à quebra da
empresa".
BUTIQUE NO VERMELHO
A Daslu vive dificuldades
desde 2005, quando foi alvo
da Operação Narciso, realizada por Receita, Ministério Público e Polícia Federal.
As dívidas com o fisco paulista somam cerca de R$ 500
milhões, segundo advogados. Parte (R$ 60 milhões) foi
paga na adesão ao programa
de parcelamento do fisco.
Com a Receita, estima-se que
as multas por sonegação somem R$ 400 milhões.
Em nota divulgada ontem,
a loja informou que "a medida tem por objetivo criar condições para que a Daslu, de
forma pública e transparente, possa se capitalizar" e assegurar o emprego de "mais
de 500 colaboradores".
As lojas continuarão funcionando normalmente.
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