São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2010

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Endividada, Daslu pede recuperação judicial

Butique vai renegociar na Justiça R$ 80 mi

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

A Daslu, maior butique de luxo do país, foi ontem à Justiça para renegociar dívidas de R$ 80 milhões -com bancos e cerca de 200 fornecedores- e evitar a falência.
A butique entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Recuperações Judiciais da Comarca da Capital de São Paulo. A recuperação judicial é um mecanismo de proteção contra a execução de dívidas que substituiu a concordata após 2004.
O processo de recuperação será conduzido pelo advogado Thomas Felsberg, um dos maiores especialistas do país (ele cuidou, por exemplo, da recuperação da Parmalat).
A Justiça deverá responder em até dez dias se aceita ou não o pedido feito ontem. Se aceitar, o advogado que conduz o processo terá até 60 dias para apresentar aos credores um plano de recuperação e regularização dos compromissos da butique.
No plano, a loja deverá detalhar como vai obter recursos para manter seus negócios e pagar suas dívidas, quais são suas fontes de receita e como pretende expandir suas atividades.
Os credores terão de avaliar e aprovar esse plano. Se isso ocorrer, a Daslu terá condições de conseguir novos financiamentos e se manter.
Em um processo como esse, normalmente são pagos, prioritariamente, os fornecedores essenciais. Dívidas trabalhistas e com os fiscos estadual e federal não entram nesse processo de recuperação, segundo advogados.
A Folha apurou que o pedido de recuperação judicial foi feito em articulação com alguns dos principais credores da loja. Isso porque eles preferem receber seus créditos a "assistirem à quebra da empresa".

BUTIQUE NO VERMELHO
A Daslu vive dificuldades desde 2005, quando foi alvo da Operação Narciso, realizada por Receita, Ministério Público e Polícia Federal.
As dívidas com o fisco paulista somam cerca de R$ 500 milhões, segundo advogados. Parte (R$ 60 milhões) foi paga na adesão ao programa de parcelamento do fisco. Com a Receita, estima-se que as multas por sonegação somem R$ 400 milhões.
Em nota divulgada ontem, a loja informou que "a medida tem por objetivo criar condições para que a Daslu, de forma pública e transparente, possa se capitalizar" e assegurar o emprego de "mais de 500 colaboradores".
As lojas continuarão funcionando normalmente.


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