São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010 |
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Telebrás resiste à ofensiva para entregar plano de banda larga à Oi Para estatal, dar operação à tele contrariaria filosofia do plano e poderia representar monopólio Lula tem simpatia pela ideia de entregar plano de serviço de internet à Oi, mas ainda não há uma decisão final
VALDO CRUZ DE BRASÍLIA A Telebrás resiste à ofensiva da Oi e de alas do governo para entregar à empresa a operação do Plano Nacional de Banda Larga. A estatal considera que isso contraria a filosofia do plano aprovado pelo presidente Lula e poderia representar uma espécie de monopólio no setor. A proposta da Telebrás é fazer uma chamada de adesão pública a todas as empresas da área a fim de participarem do plano do governo. Com isso, a estatal aposta na competição para baratear o preço do serviço de internet por banda larga. Porém, a Folha apurou que o presidente Lula tem simpatia pela ideia de entregar à Oi a operação do programa, ideia defendida pelo BNDES e pelo Ministério das Comunicações. Ainda não há decisão final, contudo. Em julho, com interferência direta do governo, a Portugal Telecom anunciou sua entrada na Oi, brasileira que disputa mercado com a espanhola Telefónica e com a Embratel, de capital mexicano. O negócio foi estimulado pelo governo para resolver os problemas de dívida da Oi e permitir que ela faça investimentos para enfrentar suas principais concorrentes. Os defensores da operação argumentam que a Oi, por ser uma empresa brasileira, deveria ser fortalecida para assumir a operação do Plano Nacional de Banda Larga. Além disso, colocam em dúvida a capacidade da Telebrás de atingir as metas do plano, de levar internet banda larga a 40 milhões de domicílios até 2014. A ala contrária à ideia rebate esses argumentos dizendo que, depois da entrada da Portugal Telecom, ficou "prejudicado" o discurso de que a Oi é uma empresa nacional e que, por isso, deveria ser beneficiada. Além disso, a proposta financeira da tele para assumir o plano de banda larga foi considerada inaceitável pela área econômica, pois implicava a concessão de isenções e benefícios de até R$ 27 bilhões -já o plano da Telebrás prevê investimentos de até R$ 15 bilhões. Na Telebrás, a informação é que, até agora, "ninguém mandou" mudar a filosofia do plano, que prevê o fornecimento do serviço de banda larga de até 512 megabites por no máximo R$ 35. PARCERIAS A ideia, segundo a estatal, é formar parcerias com o setor privado, seja com empresas brasileiras ou estrangeiras, desde que elas aceitem levar o serviço de banda larga a preço baixo. No governo, os principais defensores do plano são o assessor especial da Presidência, Cezar Alvarez, e o presidente da Telebrás, Rogerio Santana. Na avaliação deles, entregar à Oi a operação seria o mesmo que terceirizar o plano e ninguém garante que, a médio prazo, a tele manteria os preços baixos depois de dominar a maior parte do mercado. Além disso, haveria impedimentos legais para adotar essa medida. A princípio, para tornar a Oi operadora exclusiva do plano, a tele teria de ser escolhida por meio de uma licitação. A Telebrás acredita, porém, que a Oi, capitalizada pela entrada da Portugal Telecom, terá condições de aumentar seus investimentos e se tornar uma grande parceira da estatal. Afinal, a Oi já está presente praticamente em todo o país. Texto Anterior: Correio renova agências sem licitação Próximo Texto: Plano de banda larga Índice |
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