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Socorro na crise ajudou poucos grupos
Petrobras e 13 empresas privadas ficaram com quase todo o dinheiro de linha do BNDES para capital de giro
Maior parte dos
recursos do programa só
saiu quando o crédito e
a economia do país já
estavam se recuperando
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
A Petrobras e 13 grupos
privados ficaram com quase
todo o dinheiro liberado pelo
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) para uma linha
especial de crédito criada para socorrer empresas em apuros no auge da crise financeira global, há dois anos.
O programa foi anunciado
no fim de 2008, quando até
empresas de primeira linha
tinham dificuldades para obter crédito na praça. Mas o dinheiro demorou para sair e a
maior parte só foi liberada a
partir do segundo semestre
do ano passado, quando o
pior da crise tinha passado.
O Programa Especial de
Crédito (PEC), como o banco
batizou a iniciativa, prometia
R$ 6 bilhões para capital de
giro, o dinheiro que as empresas usam para financiar
suas atividades no dia-a-dia.
As condições do programa
foram desenhadas com a intenção de beneficiar um número maior de empresas, limitando a R$ 50 milhões o
valor dos empréstimos que
cada uma poderia tomar.
Mas as regras foram revistas dois meses após o lançamento do programa. O limite
foi ampliado para R$ 200 milhões por empresa, as taxas
de juros foram reduzidas e o
prazo para pagamento dos
empréstimos foi triplicado.
O primeiro a aproveitar a
oportunidade foi o grupo Votorantim, que conseguiu sozinho R$ 800 milhões em junho de 2009. O banco fez empréstimos para quatro empresas diferentes do conglomerado e os contratos foram
assinados no mesmo dia.
O resto do dinheiro só saiu
quando os sinais de que a
economia brasileira estava
em recuperação já eram evidentes. Depois do Votorantim, os mais favorecidos foram o grupo Ultra, que conseguiu R$ 612 milhões, a Camargo Corrêa e a operadora
de telefonia celular TIM, cada uma com R$ 400 milhões.
INÉRCIA
O BNDES atribuiu a dificuldades burocráticas sua
falta de agilidade na liberação dos recursos do programa. "Tem uma inércia temporal nesse negócio", disse o
diretor de planejamento do
banco, João Carlos Ferraz.
O economista Marcelo Miterhof, assessor da presidência do BNDES, disse que a intervenção do banco era necessária mesmo quando o cenário econômico parecia
mais tranquilo, porque alguns grupos beneficiados
pelo programa continuavam
enfrentando dificuldades.
O prazo para acessar a linha especial do BNDES acabou no fim de 2009, mas empresas que fizeram seus pedidos por último estão sendo
atendidas neste ano. Somadas as operações divulgadas
pela instituição, foram liberados R$ 4,7 bilhões até aqui.
O BNDES cobrou nos empréstimos uma taxa de juros
de 14,5% ao ano, maior que
as taxas cobradas nas operações tradicionais do banco,
que financia investimentos
como compras de máquinas
e construção de fábricas.
Para os empresários que tiveram acesso ao programa,
foi um bom negócio mesmo
assim. Ainda que eles não
precisassem do dinheiro, as
taxas eram muito inferiores
às cobradas por bancos comerciais na mesma época.
Veja a relação das operações contratadas pelo BNDES desde 2008 folha.com.br/me779272
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