São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011 |
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ANÁLISE COMMODITIES Mercado dá as cartas na soja mesmo no auge da safra dos EUA FERNANDO MURARO JR. ESPECIAL PARA A FOLHA Agosto começou e, com ele, teve início também o período de definição da safra 2011/12 de soja dos EUA. Com a fase de enchimento de grãos em curso, as lavouras precisam de chuva e temperaturas na medida certa para garantirem boa produtividade. Apesar da preocupação deixada pela falta de chuva e pelas temperaturas altas de julho, que criaram bolsões de seca no Meio-Oeste do país e prejudicaram o potencial da safra de milho, a soja ainda tem até o final deste mês para se recuperar. Na primeira semana do mês, continuou faltando água e sobrando calor. A partir do último final de semana, porém, as chuvas aumentaram e as temperaturas caíram, o que é bom para as plantações e ruim para as cotações do grão na Bolsa de Chicago. Mas o que vem mexendo mesmo com o mercado nos últimos dias não são os números e as especulações em torno da produção ou do consumo de soja. Mais forte que os fundamentos próprios do grão, a turbulência econômica mundial é que tem ditado o rumo das cotações. De quarta-feira passada até ontem, os contratos com vencimento em novembro deste ano e em maio de 2012, que servem de referência de preço para a safra americana e para a próxima safra brasileira, respectivamente, acumularam queda de 5% -cerca de US$ 25 por tonelada. Não é nada que se compare às perdas bem mais pesadas dos índices de ações, mas não deixa de ser um sinal preocupante em um período de "mercado climático", quando a soja deveria estar subindo de preço por conta das ameaças ao tamanho da produção norte-americana. Com medo de que a economia entre em recessão nos Estados Unidos, o que traria reflexos negativos para o mundo todo, os investidores fogem de ativos considerados de maior risco, vendendo ações e commodities. Na soja, os especuladores têm gordura para queimar. De acordo com relatório da Commodity Futures Trading Commission (órgão que regula os mercados norte-americanos), na semana passada os fundos de investimento possuíam contratos comprados em futuros e opções equivalentes a 32,1 milhões de toneladas de soja. A maior posição de 2011 até agora foi de 42,3 milhões de toneladas, e a menor, de 25,1 milhões de toneladas. Normalmente, a diminuição da posição comprada dos fundos de investimento resulta em queda nas cotações. Por isso, o movimento de fuga do risco pode continuar pressionando a soja. Mas, embora as commodities agrícolas também sintam o impacto das crises econômicas, elas tendem a se recuperar mais rápido. Essa tendência, aliada ao temor de safra menor nos Estados Unidos, poupa a soja de quedas maiores. De todo modo, não se pode subestimar os efeitos da crise, que, neste momento, ainda são difíceis de prever. FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas. Texto Anterior: Projetos: Eólicas terão a maior oferta em leilões de energia neste mês Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Se recessão vier, agrícolas podem cair mais Índice | Comunicar Erros |
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