São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011

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Magnata taiwanês tem pressa para a reinvenção da Foxconn

Gou, criador da empresa líder na produção de eletrônicos, investe em novo modelo na China

Analistas lançam dúvidas sobre o plano do empresário para que a companhia se torne de categoria mundial

KATHRIN HILLE
DO "FINANCIAL TIMES"

O bilionário fundador da Foxconn está com pressa de construir um negócio que seja verdadeiramente de categoria mundial.
Ficou claro que Terry Gou estava satisfeito na semana passada, quando se juntou a uma multidão de dançarinos de "break" formada por jovens operários de fábricas do Foxconn, a empresa que ele converteu na maior fabricante mundial de eletrônicos.
Ele estava promovendo uma festa no maior complexo fabril da empresa, em Shenzhen, no sul da China.
Em lugar de limitar o evento à dança, porém, Gou, radiante, anunciou planos para equipar suas fábricas com até 1 milhão de novos robôs, alguns dos quais vão "substituir" seres humanos.
A plateia ficou em estado de choque. Os números espantosos, somados à tática bizarra de anunciar planos de automação no meio de um discurso que visava animar os trabalhadores, foram característicos desse taiwanês carismático e imprevisível, no momento em que ele procura ampliar a empresa.
Mas, para Gou, a iniciativa também é de teor pessoal: ela vai decidir se sua própria história de empreendedor asiático que começou do nada e se tornou milionário vai culminar com a criação de uma empresa que seja verdadeiramente de categoria mundial.
A Foxconn controla quase metade do mercado mundial de produtos de tecnologia de produção terceirizada, desde iPads e consoles de games até computadores pessoais.
Nas últimas três décadas Gou consolidou um histórico de flexibilidade e adaptação a novos desafios. Diante do aumento dos custos da mão de obra, em 1988 Gou se tornou um dos primeiros empreendedores de Taiwan a erguer fábricas na China.
Ignorando avisos sobre os riscos políticos que seriam enfrentados por um empresário taiwanês e em um sistema legal opaco, ele assinou uma série de contratos.
A crise de suicídios no ano passado o levou a reassumir o controle de sua empresa. Agora, ele parece estar mais distante de sair de cena.
Na visita da presidente Dilma Rousseff à China, o governo anunciou a intenção da empresa de investir no país.
A despeito de sua visão de um futuro movido por robôs, alguns analistas avisam que o modelo de produção da Foxconn não poderá ser reinventado para uma nova era. Gou parece estar ansioso para negar essas previsões.

Tradução de CLARA ALLAIN


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