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País lança ofensiva por indústria do chip
Governo diz que incentivos para atrair fabricantes de componentes eletrônicos serão mais generosos a partir de agora
Deficit da balança de componentes para chips e telas pode alcançar os US$ 10 bilhões neste ano, diz governo
Divulgação
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Fábrica estatal para a produção de chips, inaugurada em fevereiro, em Porto Alegre (RS), aguarda instalação de equipamentos
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
O governo brasileiro vai
lançar nova ofensiva internacional para atrair a cadeia industrial do chip e das telas
usadas em TVs, computadores e celulares. A importação
desses itens bate recorde e revela a imensa dependência
brasileira.
O governo estima que o deficit nesses produtos supere
os US$ 10 bilhões neste ano.
Só em chip, a conta deve ser
de US$ 4 bilhões. Por isso, o
governo decidiu agir.
As concessões do Brasil incluem "road shows" e a ampliação da oferta de desonerações, hoje restrita ao chip,
para toda a cadeia, diz o
coordenador de microeletrônica do Ministério da Ciência
e Tecnologia, Henrique de
Oliveira Miguel.
O pacote brasileiro foi
montado em 2007. Inclui
isenções de IPI, PIS e Cofins,
além de reduções de até 88%
no Imposto de Importação
para projetos no polo industrial de Manaus.
Alguns dos benefícios
também constam do programa criado pelo governo para
trazer a indústria do chip e
das telas ao país.
"O pacote brasileiro não é
suficiente para atrair a indústria, estamos cientes disso.
Hoje, o Brasil não tem condições de exigir nada. Estamos
numa posição em que temos
de fazer mais concessões",
afirma Miguel.
O tamanho dessas concessões ainda não está totalmente dimensionado. O governo quer ouvir o setor industrial (investidores e fornecedores) para saber o que
mais precisa ser feito para a
construção dos elos de uma
cadeia de componentes usados em vários produtos de
consumo.
"O governo tem ações a
realizar. Se você quer montar
os elos dessa cadeia, é preciso ouvir os investidores e os
fornecedores para viabilizar
a vinda de todos ao país. Sem
isso, teremos uma indústria
que monta displays, mas é
totalmente dependente de
importação, e isso não é sustentável." O plano brasileiro
prevê também exportações.
Além dos incentivos, o tamanho do mercado brasileiro (com TV digital, banda larga e o crescimento da demanda de televisores de LCD,
notebooks e desktops) fez
com que Samsung, Phillips e
a chinesa H-Buster anunciassem fábricas de displays em
Manaus. Há expectativas de
que a CCE faça o mesmo.
Esse movimento da indústria agradou ao governo, mas
ainda não atende ao objetivo
final: criar uma cadeia de fornecedores de componentes
para os fabricantes de equipamentos.
A questão estratégica não
é apenas aliviar o crescente
peso na balança comercial,
mas também dar ao país condições próprias para ter independência na obtenção desses insumos.
"O jogo aí é mais pesado",
diz Miguel. O Brasil não tem a
pretensão de enfrentar a China nessa competição, mas
acha que tem condições de
enfrentar emergentes como o
México, a Polônia ou o Vietnã -alguns dos países que
aspiram atrair essa indústria.
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