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Brasil recua para 58º em ranking de competitividade
País perde 2 postos em lista do Fórum Econômico Mundial com 139 países
Brasil é o pior em tributação e regulação, apesar de avanços em desenvolvimento do mercado financeiro
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
O último relatório de competitividade global do Fórum
Econômico Mundial, divulgado ontem, revelou dois
"Brasis" diferentes.
Um tem feito progressos
significativos em áreas como
sofisticação do mundo empresarial, desenvolvimento
do mercado financeiro e ambiente macroeconômico.
O outro é, entre as 139 nações analisadas, o pior classificado nos quesitos impacto
da tributação e peso da regulamentação governamental.
Tem instituições fracas, um
dos piores ensinos primários
do mundo, mercado de trabalho rígido e ainda sofre
com a incidência da malária.
Em 2010, a trajetória dos
pontos fracos pesou um pouco mais que a dos positivos,
fazendo o país perder duas
posições e ir para o 58º lugar
no ranking, que mede a capacidade de as economias atingirem crescimento sustentado e prosperidade.
PIORA
Análise mais detalhada
mostra que o Brasil registrou
piora na sua colocação em
64% dos mais de cem indicadores (agrupados em 12 categorias) acompanhados pelo
fórum entre 2009 e 2010. Teve melhora relativa em cerca
de 27% dos indicadores e ficou estável em quase 9%.
"O Brasil melhorou muito
nos últimos anos em termos
de estabilidade macroeconômica e abertura de mercados,
fez avanços em educação",
disse Irene Mia, uma das
coordenadoras do relatório.
Mas, segundo Mia, as fraquezas estruturais que o Brasil ainda exibe "limitam a capacidade do país de crescer
mais rapidamente e de forma
mais sustentada".
Entre as barreiras, ela cita
o regime tributário, as dificuldades para contratar e demitir funcionários, e a qualidade ainda baixa das instituições e do ensino primário.
O último relatório de competitividade ressalta que o
Brasil havia avançado 16 posições entre 2007 e 2009.
Mas uma análise desde
2005 (quando ocorreram mudanças metodológicas importantes) mostra que o progresso em anos recentes refletiu, em grande parte, recuperação em relação a pioras
entre 2006 e 2007.
A Folha fez uma análise
do relatório de 2010 usando a
mesma base de países existente em 2005. No período, o
país avançou três posições.
O resultado é melhor que o
de emergentes como Argentina, México, Índia e Rússia,
que perderam lugares no
ranking desde então. Mas fica aquém dos progressos de
Indonésia, China, Vietnã e
Turquia, que avançaram,
respectivamente, 29, 21, 19 e
14 posições no período.
Entre 2009 e 2010, o Brasil
fez avanços relativos em categorias como sofisticação
do ambiente de negócios, infraestrutura e desenvolvimento do mercado financeiro. Mas regrediu, em termos
comparativos, na maioria
dos aspectos ligados a instituições, eficiência do mercado de trabalho e de bens,
saúde e educação.
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