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Mercado derruba ação da Petrobras para desembolsar menos em oferta
Papéis da estatal desabam até 4,44% com especulação de datas-chave para a capitalização
Papéis da estatal devem cair até o dia 23, quando será definido o preço das novas ações, segundo analistas
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
As ações da Petrobras desabaram ontem mais de 4%
com a pressão do mercado
para "formar" um preço baixo na oferta de ações.
A lógica é a seguinte:
quanto menor for o preço das
ações da Petrobras até o dia
23, quando será definido o
valor dos novos papéis, menos os investidores desembolsarão na oferta da estatal.
Normalmente, o mercado
pede um "desconto" para
comprar as novas ações; do
contrário, pode adquiri-las
na Bolsa, a valor de mercado.
Ontem, as ações ON (direito a voto) recuaram 4,44%, e
as PN (sem direito), 4,33%.
O movimento aconteceu
também na capitalização do
Banco do Brasil, em junho,
quando as ações caíram até
10% e voltaram a subir após a
oferta de ações.
Essa estratégia, no entanto, tem um efeito colateral: se
venderem muitas ações da
Petrobras agora, esses investidores ficam com direito a
comprar, proporcionalmente, menos papéis -cada ação
dá direito a 0,34 papel novo.
Ontem foi o primeiro dia
de negócios após a "primeira
data de corte", que conferia
ao investidor o direito a participar da oferta com prioridade de alocação (sem rateio).
Na verdade, essa data é
amanhã. Mas quem não tivesse a ação e ainda quisesse
comprá-la só tinha até o dia 6
porque a compensação demora três dias.
A próxima "data de corte"
será dia 17; nesse dia será definido quantas ações cada
um terá direito. Para aumentar ou diminuir sua parte, os
investidores têm até o dia 14.
Alguns fundos de investimento teriam vendido ações
da estatal ontem para comprá-las no dia 14 com preço
menor, segundo operadores.
Após o dia 14, analistas esperam uma "sangria" ainda
maior no preço das ações da
Petrobras. Isso porque os investidores já terão sua proporção definida na oferta,
mas estarão livres para vender os papéis e conseguir um
preço ainda menor.
Para Ricardo Almeida,
professor de Finanças do Insper (antigo Ibmec SP), os interesses do mercado em torno da oferta da Petrobras tornam a aplicação muito arriscada para o investidor pessoa física que pretenda fazer
lucro rápido com as ações.
Segundo Almeida, como a
oferta é gigante, os grandes
investidores conseguirão levar todos os papéis que reservarem e não haverá demanda adicional para comprar as
ações na Bolsa.
"O investidor tem de tomar
cuidado na reserva de papéis
da Petrobras. Ele pode levar
mais do que quer comprar e
depois terá dificuldade para
se desfazer sem perder dinheiro", disse.
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