São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Venda de veículos importados cresce 36%

Avanço entre janeiro e agosto preocupa montadoras do país, que pretendem recuperar mercado no exterior

Para analista, é natural que o consumidor, com maior poder de compra, opte por carros mais caros, como importados

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

A venda de veículos novos importados cresceu 35,8% no acumulado deste ano até agosto -ante igual período do ano passado- e começa a preocupar o setor.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), os licenciamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos no Brasil tiveram aumento de 5,7% no mesmo confronto.
Com essa diferença entre os acréscimos, a participação dos veículos importados (394,1 mil unidades) atingiu 18,0% das vendas totais, ante 14,6% no ano passado.
"Isso está gerando empregos lá fora, não aqui dentro, mas é a regra do jogo", afirmou Cledorvino Belini, presidente da entidade.
O executivo ressaltou a necessidade de "encontrar o caminho da competitividade", referindo-se à expansão da exportação, que ainda não retornou ao nível pré-crise, apesar do crescimento de 73,2% no acumulado do ano, para 489,2 mil veículos.
"Essa é a relação que temos que fazer. Termos condições de ocupar nossa capacidade instalada produzindo para o mercado interno e para exportação", ponderou.
A fatia dos importados nos emplacamentos vem subindo ao longo dos anos, tendo ficado em um dígito em 2005 (4,9%) e 2006 (6,3%).

ACORDO
Vale lembrar que o Brasil tem acordos bilaterais com Argentina e México -países que respondem por cerca de 60% das compras externas- que possibilitam a eliminação do Imposto de Importação, atualmente em de 35%.
O SpaceFox (Volkswagen), o Agile (General Motors) e o Siena (Fiat), por exemplo, são trazidos do vizinho sul-americano.
Sobre o impacto da valorização do real ante o dólar para esses resultados, Belini destacou que "o câmbio é um complicador, mas ele já era no ano passado".
Os emplacamentos dos carros 1.0 continuam predominando, apesar da "invasão" dos importados.
Os automóveis de mil cilindradas responderam por 51,5% dos licenciamentos de janeiro a agosto, seguidos de perto por aqueles com motor até 2.0 (47,3%).
"O Brasil tem uma gama de produtos ampla, que atende a demanda de todos os consumidores, não só os dos da base [da pirâmide]", comentou Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos).
Para ele, é natural que os consumidores, ao terem maior poder de compra, optem por carros mais potentes e, consequentemente, mais caros, como os importados.
Impulsionada pelo mercado interno, a produção de veículos no país cresceu 17,5% nos oito primeiros meses do ano, atingindo 2,406 milhões de unidades e batendo novo recorde. A quantidade fabricada em agosto (329,1 mil) é a segunda maior da série histórica, ficando atrás apenas do dado de março.


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