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Venda de veículos importados cresce 36%
Avanço entre janeiro e agosto preocupa montadoras do país, que pretendem recuperar mercado no exterior
Para analista, é natural que o consumidor, com maior poder de compra, opte por carros mais caros, como importados
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
A venda de veículos novos
importados cresceu 35,8%
no acumulado deste ano até
agosto -ante igual período
do ano passado- e começa a
preocupar o setor.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), os
licenciamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos
no Brasil tiveram aumento de
5,7% no mesmo confronto.
Com essa diferença entre
os acréscimos, a participação
dos veículos importados
(394,1 mil unidades) atingiu
18,0% das vendas totais, ante 14,6% no ano passado.
"Isso está gerando empregos lá fora, não aqui dentro,
mas é a regra do jogo", afirmou Cledorvino Belini, presidente da entidade.
O executivo ressaltou a necessidade de "encontrar o caminho da competitividade",
referindo-se à expansão da
exportação, que ainda não
retornou ao nível pré-crise,
apesar do crescimento de
73,2% no acumulado do ano,
para 489,2 mil veículos.
"Essa é a relação que temos que fazer. Termos condições de ocupar nossa capacidade instalada produzindo
para o mercado interno e para exportação", ponderou.
A fatia dos importados nos
emplacamentos vem subindo ao longo dos anos, tendo
ficado em um dígito em 2005
(4,9%) e 2006 (6,3%).
ACORDO
Vale lembrar que o Brasil
tem acordos bilaterais com
Argentina e México -países
que respondem por cerca de
60% das compras externas-
que possibilitam a eliminação do Imposto de Importação, atualmente em de 35%.
O SpaceFox (Volkswagen), o Agile (General Motors) e o Siena (Fiat), por
exemplo, são trazidos do vizinho sul-americano.
Sobre o impacto da valorização do real ante o dólar para esses resultados, Belini
destacou que "o câmbio é um
complicador, mas ele já era
no ano passado".
Os emplacamentos dos
carros 1.0 continuam predominando, apesar da "invasão" dos importados.
Os automóveis de mil cilindradas responderam por
51,5% dos licenciamentos de
janeiro a agosto, seguidos de
perto por aqueles com motor
até 2.0 (47,3%).
"O Brasil tem uma gama
de produtos ampla, que atende a demanda de todos os
consumidores, não só os dos
da base [da pirâmide]", comentou Luiz Carlos Mello,
coordenador do CEA (Centro
de Estudos Automotivos).
Para ele, é natural que os
consumidores, ao terem
maior poder de compra, optem por carros mais potentes
e, consequentemente, mais
caros, como os importados.
Impulsionada pelo mercado interno, a produção de
veículos no país cresceu
17,5% nos oito primeiros meses do ano, atingindo 2,406
milhões de unidades e batendo novo recorde. A quantidade fabricada em agosto (329,1
mil) é a segunda maior da série histórica, ficando atrás
apenas do dado de março.
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