São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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Múltis já controlam publicidade no país

Britânico WPP e francês Publicis lideram; 15 entre 20 maiores agências são total ou parcialmente de estrangeiros

Brasil é prioridade, dizem Martin Sorrell e Maurice Lévy, que dirigem WPP e Publicis, em entrevistas à Folha

NELSON DE SÁ

ARTICULISTA DA FOLHA

Em meio a uma corrida pela aquisição de agências brasileiras, acelerada no último ano, dois dos maiores grupos de publicidade do mundo, o britânico WPP e o francês Publicis, comandam hoje o setor no Brasil -em primeiro e segundo lugar na compra de mídia, respectivamente, segundo projeção da revista "Meio & Mensagem".
O publicitário Nizan Guanaes, da agência Africa, não vê problema. "Sou totalmente a favor de um mercado aberto, global." Outros publicitários não reagem assim.
Francisco José Moura Cunha Martins, da Artplan, diz que "o grande problema é que as contas hoje já vêm, todas elas, disputadas lá fora, o que cerceou demais o mercado para as nacionais". Seria "quase um dumping".
Sem acesso às contas das multinacionais, restam "os clientes nacionais, a maior parte em varejo, e brigar na esfera governamental". E mesmo com o governo há dificuldades, pois o grupo estrangeiro "entra com quatro, cinco propostas", de suas diversas agências, "enquanto a nacional tem uma só".
Sergio Amado, presidente da Ogilvy no Brasil, do grupo WPP, reage: "Discordo radicalmente. As multinacionais no Brasil estão fechando contratos locais".
Orlando Marques, presidente da Publicis Brasil, responde na mesma linha: "Os clientes têm muita autonomia no Brasil, para poder tomar a decisão e mandar a Publicis às favas se não for competente. Eu tenho que lutar diariamente para manter meus clientes; não é fácil, não".
Outro temor é de uma eventual padronização na criatividade na publicidade brasileira, levantado pelo vice-presidente executivo da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), Humberto Mendes. "Não podemos deixar de ser os criativos que somos", diz.
Marques responde que "não, pelo contrário". E Amado exemplifica, dizendo que "o Brasil, nos últimos dois anos, voltou a ter um desempenho espetacular no festival de Cannes [de publicidade], que é o medidor de desempenho criativo no mundo".
Sublinha que, "em talento, estamos até exportando, em cima de marcas mundiais criadas no Brasil".


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