São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Etanol de cana tem várias vantagens em relação ao de milho

JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

O etanol da cana-de-açúcar é o produto que melhor atende à crescente demanda por biocombustíveis no mercado internacional.
Motivado pela preocupação dos principais países com a segurança energética e pela necessidade de redução de gases do efeito estufa, o etanol tem um mercado potencial de centenas de bilhões de litros no Brasil e no exterior.
Reconhecido pela rigorosa Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos como um biocombustível avançado, o etanol de cana tem vantagens comparativas em relação aos demais combustíveis líquidos, sobretudo em relação ao etanol produzido a partir do milho, como alta produtividade e baixo impacto ambiental.
Além disso, tendo evoluído ao longo de 30 anos de pesquisas, hoje o tempo de fermentação do etanol nas usinas brasileiras é de cerca de nove horas -um quarto do tempo de fermentação do etanol de milho nas usinas americanas.
A possibilidade de reciclar leveduras no processo fermentativo representa um grande diferencial da cana. Com isso, sua produtividade aumentou desde o início dos anos 80.
Assim, uma usina brasileira hoje pode ser considerada uma "biorrefinaria" pelo aproveitamento completo da biomassa, tanto na produção de açúcar e etanol como na geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
É no balanço energético que a cana demonstra sua principal superioridade.
Dados do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético, da Universidade Estadual de Campinas, mostram que com uma unidade de energia fóssil é possível produzir oito vezes mais energia limpa utilizando cana-de-açúcar em vez de milho.
Essa vantagem está relacionada à grande eficiência energética das usinas, que utilizam o bagaço da cana para produzir energia elétrica para consumo próprio e para venda ao Sistema Elétrico Nacional.
A produtividade do etanol de cana também é maior em relação a outras fontes renováveis -são produzidos mais de 7.000 litros de etanol por hectare de cana, ante cerca de 4.000 litros na mesma área plantada com milho.
O etanol brasileiro oferece ainda grande diferencial na questão da sustentabilidade, pois permite maior redução na emissão de gases de efeito estufa entre os biocombustíveis. A emissão proveniente de seu ciclo de vida até a queima do combustível é até 84% inferior à da gasolina.
É fundamental que os formuladores de políticas energéticas do mundo, em especial os dos EUA, se sensibilizem sobre os benefícios do uso do etanol de cana brasileiro nas suas matrizes.
O Brasil poderá protagonizar a produção mundial de energia limpa e renovável, pois tem o biocombustível que melhor alia competitividade e sustentabilidade.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


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