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CRÍTICA LIBERALISMO
Ayn Rand ataca socialismo mostrando greve de patrões
Livro formou economistas como Alan Greenspan, ex-presidente do Fed
EDUARDO CHAVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A Bíblia do pensamento liberal na segunda metade do
século não é um livro de economia ou de filosofia política: é um romance.
"Atlas Shrugged", a clássica defesa da liberdade, do individualismo e do capitalismo escrita por Ayn Rand
(1905-81), romancista e filósofa russo-americana, acaba
de ganhar nova edição em
português, com novo título:
"A Revolta de Atlas".
A edição anterior, publicada em 1987, e há muito esgotada, tinha o título de "Quem
é John Galt?". A tradução é a
mesma, mas foi editada e revisada pela editora Sextante.
Com 1.232 páginas na presente edição, o livro tem um
enredo extremamente complexo e bem elaborado, que
não é possível resumir aqui.
No entanto, uma descrição,
ainda que breve, do tema escolhido por Rand dá ideia da
dimensão da obra.
Originalmente publicada
em 1957, a história se passa
nos Estados Unidos, numa
época futura em que o país,
seguindo o exemplo de países europeus e latino-americanos, caminha para o socialismo e resolve regular e assim controlar sua economia.
GREVE DOS CHEFES
O livro descreve o que
acontece quando aqueles
que (como Atlas) sustentam
o mundo nas costas resolvem
fazer greve, sacudindo o
mundo dos ombros e deixando que literalmente se dane.
"Vamos ver o que acontece ao mundo quando quem
faz greve contra quem" é frase (retirada do livro) que resume o tema da obra.
Entrando em greve, empresários americanos começam a desaparecer, abandonando suas empresas nas
mãos de reguladores e controladores estatais. Grandes
filósofos, cientistas e artistas
também desaparecem, abandonando seus empreendimentos.
O lado otimista da história
é que o Estado pode confiscar
empresas e outros empreendimentos, mas não consegue
obrigar empresários e outros
empreendedores a lhe arrendar suas mentes, sua criatividade, sua competência, seu
trabalho.
O Estado, portanto, que fique com os empreendimentos, decidem seus proprietários na história. Mas eles não
colocam mais suas mentes a
serviço da sustentação de um
mundo onde esse tipo de
confisco pode acontecer.
(Na realidade, o que deixam para o Estado espoliador não passa da carcaça de
empresas e empreendimentos cuja alma eles levaram
consigo.)
CAOS
A história narra nos mínimos detalhes o caos que resulta dessa inusitada greve
em que aqueles que normalmente são vítimas das greves, os empreendedores, retiram do mercado sua mente e
seu trabalho, e, no processo,
deixam o mundo sem bens,
sem serviços, sem empregos.
Quando Atlas faz greve, o
mundo literalmente desmorona (mais ou menos como
aconteceu com o mundo comunista em 1989).
Ao final da história, quando as luzes do velho mundo
se apagam, simbolizando a
derrocada que lhe sobrevém
quando Atlas deixa de sustentá-lo, a porta está aberta
para a construção de um
mundo novo: a greve termina e Atlas está pronto para
reassumir seu lugar.
EDUARDO CHAVES foi professor de
filosofia da Universidade Estadual de
Campinas e, depois de aposentado, leciona
filosofia da educação no Centro
Universitário Salesiano de São Paulo.
A REVOLTA DE ATLAS
AUTORA Ayn Rand
TRADUÇÃO Paulo Henriques Britto
EDITORA Sextante
QUANTO R$ 69,90 (1.232 págs.)
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