São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fabricantes de iates de luxo apostam no mercado chinês

Empresas do setor buscam novos compradores nos países emergentes para compensar a perda de clientes com a crise na Europa

VICTOR MALLET
DO "FINANCIAL TIMES"

Os construtores de grandes e luxuosos iates de dezenas de milhões de dólares buscam novos compradores nos mercados emergentes.
Isso é para compensar os clientes perdidos com a crise na Europa, de acordo com fabricantes e corretores de embarcações que participaram do Monaco Yacht Show.
"Todo mundo aqui está esperando que os chineses ricos decidam aderir logo aos iates", disse Jamis Edminston, diretor da Edminston, uma corretora de iates.
"Tivemos um ou dois compradores ou proprietários chineses, mas o mercado ainda não decolou." Os chamados superiates -embarcações de lazer com comprimento superior a 30 metros- vêm demorando mais que outros segmentos do mercado de luxo a se recuperar dos tumultos que se seguiram ao colapso do Lehman Brothers, em 2008.
Henk de Vries, diretor da Feadship, uma construtora holandesa de iates de luxo, apontou para o doloroso contraste entre os anos de boom, meia década atrás, e as dificuldades atuais do setor.
"O mercado estava completamente enlouquecido entre 2006 e 2008 e depois despencou de vez", afirmou.
"Todo mundo tem esperança quanto à China. Estamos buscando ativamente oportunidades naquele mercado.
Também estamos considerando a América do Sul."
Corretores e construtores admitem que encontrar novos clientes entre os países emergentes do grupo Bric -Brasil, Rússia, Índia e China- vai demorar.
Aceitam que a demanda -exceto em alguns nichos de produtos dedicados a bilionários- deve continuar baixa, em razão da situação financeira que volta a se agravar em todo o mundo.
O número de superiates encomendados e em construção caiu de um pico de 587 em janeiro de 2009 a 402 neste mês, de acordo com a Superyacht Intelligence, parte do Superyacht Group. Itália, Estados Unidos, Holanda, Turquia e Reino Unido são os principais construtores.
Os membros da Superyacht UK, uma associação de fornecedores, dizem que seu faturamento subiu a 450 milhões de libras (US$ 695 milhões) nos 12 meses até o final de maio, um crescimento de 6,6% em relação ao período de 12 meses anterior.
Mas Rob Stevens, presidente da British Marine Federation, disse que o setor ainda não recuperou o nível de atividade anterior à crise. "A perspectiva de muitas companhias continua adversa."
Um sinal do interesse redirecionado para os mercados emergentes é a joint venture entre o First Eastern, um grupo de investimento de Hong Kong, e a Camper & Nicholsons Marina Investments (CNMI), para desenvolver marinas de luxo na China.
"Grande riqueza resulta em demanda por superiates, e no Brasil e na China fica visível que muitos proprietários estão adquirindo superiates", disse Nick Maris, presidente-executivo da CNMI.
"Parece que estão avançando rumo à categoria de clientes que fazem encomendas de novos superiates de grande porte, superior até aos 80 metros de comprimento".
Neil Cheston, diretor de vendas da corretora de iates Yco, disse que "existem mais clientes no grupo Bric do que há três ou quatro anos, e a riqueza é mais móvel".
Mesmo nos países ocidentais, disse Cheston, alguns líderes empresariais estão voltando a comprar.
"Talvez haja um espírito de 'cada um por si' em ação, e um bilionário venha a pensar que não adianta esperar anos para fazer um pedido, quando ele já dispõe dos meios para proporcionar uma experiência maravilhosa à sua família."

Tradução de PAULO MIGLIACCI



Texto Anterior: Alterar datas de feiras se torna tarefa difícil
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.