São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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EUA temem que Arábia tenha superestimado reservas de óleo

Em despachos divulgados pelo WikiLeaks, cônsul americano em Riad alerta Washington

Preço mundial do petróleo pode escapar ao controle se os árabes não tiverem como aumentar sua produção

JOHN VIDAL
DO "GUARDIAN"

Os Estados Unidos temem que a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo cru, não disponha de reservas suficientes para prevenir uma escalada nos preços do petróleo, demonstram despachos da embaixada norte-americana em Riad. Documentos divulgados pelo WikiLeaks alertam Washington a encarar com seriedade o aviso de um importante executivo saudita de que as reservas de petróleo cru podem ter sido superestimadas em até 300 bilhões de barris, ou quase 40%.
A revelação surge em meio à disparada no preço mundial do petróleo durante as últimas semanas, para mais de US$ 100 por barril, devido à forte demanda mundial e às tensões no Oriente Médio.
Muitos analistas antecipavam que os sauditas e a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) extrairiam mais petróleo caso a alta de preços ameaçasse sufocar a demanda.
No entanto, Sadad al-Husseini, geólogo e antigo diretor de exploração no monopólio petroleiro saudita Aramco, reuniu-se com o cônsul-geral dos Estados Unidos em Riad, em novembro de 2007, e informou que a extração diária de 12,5 milhões de barris de que a Aramco necessitava para manter os preços sob controle não poderia ser atingida.

PICO DO PETRÓLEO
De acordo com os despachos, com datas entre 2007 e 2009, Husseini informou que a Arábia Saudita atingiria uma produção diária de 12 milhões de barris em dez anos, mas que antes disso -possivelmente já em 2012- a produção mundial de petróleo teria atingido seu total mais elevado. Esse ponto máximo é conhecido como "pico do petróleo".
Husseini disse que, quando isso acontecesse, a Aramco já não seria capaz de deter a alta nos preços mundiais.
Um despacho afirmava que, além de as reservas não serem tão grandes, o prazo necessário para explorá-las não é tão favorável como se acreditava.
O cônsul americano informou a Washington que al-Husseini "não é um pessimista ou adepto de teorias da conspiração" e que suas previsões devem ser levadas a sério.
Embora temores de um pico do petróleo prematuro e de problemas na produção saudita já tenham sido expressados no passado, nenhum representante do governo norte-americano chegou perto de admitir a pertinência dessas preocupações.
Nos dois últimos anos, outros conhecidos analistas de energia apoiaram a posição de Husseini. Fatih Birol, economista-chefe da AIE (Agência Internacional de Energia), disse no ano passado que a produção de petróleo cru convencional poderia se estagnar a partir de 2020.
"Optamos por ignorar uma ameaça à economia mundial que é tão ruim quanto a compressão de crédito, e talvez pior", disse Jeremy Leggett, presidente do grupo de trabalho oficial britânico sobre o pico do petróleo e segurança energética.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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