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Governo teme que crise na Europa afete Petrobras
Avaliação do Planalto é que há menos crédito externo para capitalização
Petrobras quer obter R$ 45 bi na Bolsa; empresa precisa de mais de R$ 60 bi para investimentos até 2011
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
A Petrobras espera conseguir no mercado US$ 25 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões)
com o processo de capitalização da empresa. A equipe do
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, porém, teme que a
crise europeia dificulte os
planos da empresa.
Segundo a Folha apurou,
a avaliação da equipe econômica é que a crise na Europa
irá diminuir a disponibilidade de crédito externo para a
economia brasileira, reduzindo não só o investimento
externo direto no país como a
captação de recursos via lançamento de ações.
Essa redução no crédito
pode afetar a operação da Petrobras, prevista para o início
de julho, mas não irá inviabilizá-la, segundo um auxiliar
do presidente Lula.
Em sua opinião, o que pode ocorrer é a estatal não captar, num primeiro momento,
tudo o que planejava.
Dentro da Petrobras, a
avaliação é que o mercado
pode estar retraído no momento para alguns setores,
mas tende a agir de outra forma no caso da empresa diante do potencial das reservas
de petróleo do pré-sal.
Principalmente se o Congresso aprovar o projeto que
torna a empresa operadora
única do pré-sal no país.
Esse cenário de escassez
de crédito será discutido pela
equipe do presidente Lula
antes da formatação final do
aumento de capital da empresa, cujo primeiro passo se
dará no dia 22, quando uma
assembleia extraordinária de
acionistas da Petrobras irá
aprovar a operação.
CESSÃO DE PETRÓLEO
Nos planos da estatal, a
operação de aumento de capital, que está em discussão
no Senado, estará concluída
em agosto e pode atingir até
R$ 100 bilhões, fazendo seu
capital subir cerca de 38%,
segundo valores atuais.
Uma parte do aumento será bancada pela União, com
a cessão de 5 bilhões de barris de petróleo de suas reservas para a estatal.
Isso deve representar um
aporte entre US$ 25 bilhões e
US$ 30 bilhões, dependendo
do valor dos barris de petróleo da União que serão transferidos para a companhia petroleira.
A outra parte virá da captação no mercado, com a participação dos acionistas privados na operação de capitalização.
Hoje, a União detém 32,2%
do capital total da empresa e
55,7% do votante, o que lhe
garante o controle.
A intenção do governo é
não só manter esse percentual como aumentá-lo caso
acionistas privados decidam
não participar do aumento
de capital da empresa, avaliado em R$ 260 bilhões.
A empresa tem urgência
no lançamento de ações
diante dos compromissos de
investimentos já assumidos.
Na avaliação de especialistas, a empresa, entre o final
deste ano e o início do próximo, precisa captar cerca de
R$ 60 bilhões para honrar esses compromissos e evitar
uma redução no seu plano de
investimento.
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