São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Juro traz preocupação, dizem empresários

Para entidades, Selic de 10,25% ao ano reduzirá demais o crescimento, após alta de 9% no PIB no 1º trimestre

Sindicatos também são contra o aumento da taxa de juros, que desestimularia os investimentos

DE SÃO PAULO

O aumento da taxa básica de juros da economia brasileira para 10,25% ao ano atrapalha o desenvolvimento do país, disseram ontem entidades empresariais e sindicais.
"O ciclo de aumentos na taxa contraria a lógica dos números da economia brasileira e prejudica o desenvolvimento, incluindo o aspecto relevante da geração de empregos", disse Benjamin Steinbruch, presidente em exercício da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para a entidade, dados mostram que os preços subiram nos primeiros meses de 2010 devido a fatores sazonais e que os preços já estão voltando "à normalidade".
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse ver com "preocupação" o retorno da Selic aos dois dígitos.
Segundo o órgão, o crescimento de 9% do PIB no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2009 não deve orientar as expectativas para o resto do ano, já que incentivos criados para combater os efeitos da crise econômica mundial já foram retirados.
Para a CNI, há espaço para que o ciclo de alta seja mais curto do que o previsto.
Para a Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o patamar de juros prejudica a competitividade brasileira.
"Mais do que tentar arrefecer o consumo, o Brasil deveria partir para uma ação concreta de racionalização dos gastos públicos e de estímulos aos investimentos produtivos", disse o presidente da entidade, Abram Szajman.

PRESSÃO
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, classificou a alta de "política assistencialista para banqueiros".
"E ainda existe uma forte pressão por parte do setor financeiro e seus representantes para que esse ciclo de aumento da taxa básica de juros permaneça", disse ele, que defende ainda que a alta dos juros desestimula investimentos e prejudica as contas públicas.
Na visão de Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), é "equivocada".
"É um balde de água fria na aquecida economia brasileira, que demonstrou recentemente uma imensa capacidade para o crescimento com geração de emprego e renda. Os tecnocratas do Banco Central torcem contra o crescimento econômico do Brasil", disse Torres.


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