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"Brasil ficará mais dono da Petrobras"
Diretor da Agência Nacional do Petróleo quer preço das reservas "o mais alto possível", antes de capitalização
Quanto maior o valor das reservas, mais ações a União poderá adquirir da empresa, o que prejudica minoritário
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O diretor-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, defende
que o governo saia "mais dono" da Petrobras após a capitalização da empresa e que o
preço das reservas de petróleo que a União usará na operação seja o "mais alto" possível, porque é "bom para os
brasileiros".
Lima avalia como "baixo"
um preço entre US$ 5 e US$ 6
para o barril de petróleo das
reservas que a União cederá
à estatal como sua parte no
aumento de capital -esse
valor é citado por analistas
de mercado e criticado internamente pelo governo.
Em entrevista à Folha, ele
disse que nem minoritários
nem Petrobras podem querer
"ganhar" à custa da União
pressionando por um preço
que não seja "vantagem" para os brasileiros.
A ANP contratou a Gaffney, Cline & Associates para
avaliar o volume e o valor dos
5 bilhões de barris de petróleo que a União dará à Petrobras na capitalização da empresa. Quanto maior o valor,
mais ações poderá adquirir.
Apesar de a consultoria
considerar o prazo "estreito",
prometeu entregar no final
do mês o laudo a ser usado
nas negociações entre o governo e a estatal para definir
o preço do barril. Leia trechos
da entrevista.
Folha - Quando fica pronta a
certificação das reservas e do
preço dos barris de petróleo
que a União usará na capitalização da Petrobras?
Haroldo Lima - Fizemos um
cronograma com a certificadora, que foi revisto há poucos dias, e foi reconfirmado
para o final de agosto. Não há
atraso previsto. Pode ser que
aconteça, mas até o presente
instante a previsão é de cumprir o prazo.
Até o final deste mês saem
tanto o cálculo das reservas
como do preço dos barris?
A certificação é do cálculo
volumétrico e uma apreciação de valor. As avaliações
estão sendo feitas nos campos de Franco e de Libra [na
região do pré-sal]. A lei da capitalização prevê a cessão
onerosa à Petrobras de 5 bilhões de barris de petróleo.
Se puder ser medido somente em Franco, será uma vantagem para a União.
Qual a estimativa?
Ainda não temos o número fechado. Estimamos 4,5 bilhões de barris em Franco,
antes da certificação.
No mercado se fala num preço do barril de petróleo entre
US$ 5 e US$ 6.
Fica difícil para dizer. A
certificação está sendo feita e
um dos pontos mais controvertidos é a questão do valor.
Eu acho que um preço entre
US$ 5 e US$ 6 está baixo. É
uma opinião pessoal minha.
Quanto maior o preço do barril, melhor para a União?
Daí achar que um barril
baixo, entre US$ 5 e US$ 6,
não é vantagem para a
União, para os brasileiros.
Um barril mais alto é bom para os brasileiros. Claro que
não podem aumentar de forma aleatória, irrealista. Também não podemos baixar e
prejudicar o Brasil.
Qual a sua expectativa com a
capitalização? Que o país fique mais dono ou menos dono da Petrobras?
Espero que o Brasil fique
mais dono da Petrobras. Toda vez que nós discutíamos
isso na antiga comissão, a
que discutiu o novo marco regulatório do petróleo, dizia
que nós estávamos projetando muitos favorecimentos à
Petrobras, como a cessão de
5 bilhões de barris, a condição de operadora única.
Tudo isso se justificava,
posto que nós poderíamos
sair mais donos da Petrobras.
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