São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010

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ANÁLISE

A internacionalização dos bancos brasileiros


A ÁFRICA SURGE COMO BOA OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO, DADO O BAIXO GRAU DE PENETRAÇÃO BANCÁRIA EM VÁRIOS PAÍSES DO CONTINENTE


MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Por que os bancos brasileiros estão se internacionalizando? E qual o interesse das instituições pela África? Essas são as perguntas motivadas pelo recém-anunciado acordo entre o Banco do Brasil e o Bradesco com o banco português Espírito Santo para atuar no continente africano.
A resposta tem ao menos dois componentes. Primeiro, a grande concentração do mercado bancário brasileiro -mais de 85% dos ativos pertencem às dez maiores instituições- e o alto grau de competitividade no setor limitam o escopo para aumentar a rentabilidade no país.
Portanto, muitas instituições estão buscando novos horizontes para crescer, e a África surge como boa oportunidade, dado o baixo grau de penetração bancária em vários países do continente.
Um dos primeiros países a reconhecer o potencial da região foi a China, que, preocupada também em assegurar o suprimento de matérias-primas para sustentar o crescimento, liderou os investimentos no setor bancário africano ao adquirir recentemente participação significativa em uma importante instituição da África do Sul.
Segundo, a crise financeira internacional, ao reduzir a demanda dos nossos parceiros tradicionais, como os Estados Unidos e a Europa, impulsionou as transações comerciais tanto entre o Brasil e a Ásia como entre o Brasil e a África, onde existe um enorme potencial para desenvolver novos negócios. Por essa razão, muitas empresas brasileiras têm aumentado a atuação no continente africano. Assim, faz sentido que nossas instituições financeiras sigam caminho semelhante. É claro que essa não é uma empreitada isenta de riscos.
Alguns países africanos têm notórios problemas de interferência do setor público em assuntos do setor privado, além de estarem longe de ser exemplos das boas práticas de governança política e corporativa.
No entanto, a associação entre o Banco do Brasil, o Bradesco e o Banco Espírito Santo parece ser particularmente sinérgica. De um lado, duas instituições sólidas, capazes de absorver algum risco em seus balanços, e com grande capacidade para investir. De outro, um banco com experiência no continente, sobretudo nos países de língua portuguesa.
À primeira vista, parece um bom negócio para o Brasil e para a África.

MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE, economista, diretora da Galanto Consultoria e do Iepe/CdG.



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