São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010

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Murdoch vende controle de TVs na China

Após 2 décadas de atuação no país, News Corp. é mais um dos casos de empresas frustradas com normas rígidas

Pequim tem investido em projetos de mídia voltados para o público estrangeiro, como canal de notícias em inglês


FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Depois de duas décadas tentando se consolidar no mercado chinês, o grupo News Corp., do empresário Rupert Murdoch, anunciou a venda do controle acionário de seus três canais de TV e de um catálogo de filmes no país a um fundo de participações em empresas controlado por capital estatal.
Os canais Xing Kong, Xing Kong International e Canal China Continental passarão a ter capital majoritário do fundo China Media Capital (CMC), gerido pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Shanghai Media Group, ambos estatais.
A porcentagem vendida e o valor da transação não foram revelados.
A News Corp., que é dona dos estúdios Fox e de vários jornais, como o "Wall Street Journal", já vinha dando sinais de que havia perdido interesse pela China. Há um ano, dividiu a sua divisão asiática entre a China e a Índia, que passou a receber mais investimentos.
O caso da News Corp. é um dos vários de multinacionais frustradas com o mercado chinês, marcado por normas rígidas para o capital estrangeiro. A brasileira Embraer, que montou uma fábrica no país, está entre as empresas que reclamam do excesso de protecionismo chinês.
O setor de mídia é ainda mais restrito, com Pequim impondo uma rígida censura aos meios de comunicação.
No caso da News Corp., só havia autorização para transmitir na Província de Guangdong, no sul.
"A News Corp., depois de duas décadas na China, fez o inevitável", disse Vivek Couto, analista de mídia asiática, à agência de notícias Reuters. "Eles veem que a melhor opção para crescer no mercado é assegurar que o controle esteja em mãos locais."
Para analistas consultados pelo "Financial Times", o principal interesse do CMC é usar a estrutura da News Corp. para ter canais de distribuição ao exterior a produções chinesas.
Descontente com a imagem da China retratada pelos meios de comunicação ocidentais, o governo tem investido em projetos de mídia voltados para o público estrangeiro.
No mês passado, a agência de notícias estatal Xinhua anunciou o lançamento do CNC World, canal de notícias 24 horas em inglês. O objetivo declarado é "apresentar uma visão internacional com uma perspectiva chinesa".


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