São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010

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NIZAN GUANAES

Os novos-ricos


Warren Buffett deu a resposta: é melhor fazer filantropia em público para dar o exemplo


A FILANTROPIA, por mais nobre que seja, não consegue escapar do escrutínio e das controvérsias dessa nossa era da comunicação total.
Uma das críticas mais frequentes é a de que os filantropos muitas vezes buscam mais os holofotes e a boa vontade de seus públicos de interesse do que ajudar de fato as entidades que financiam.
Warren Buffett, o megainvestidor americano, deu a melhor resposta a esse (falso) questionamento para Larry Ellison, o fundador da Oracle.
Buffett e Bill Gates, da Microsoft, criaram um movimento para convencer os bilionários americanos a doarem ao menos metade de suas fortunas pessoais à filantropia. Ellison retrucou a Buffett que já doava grande parte de sua fortuna e que preferiria fazê-lo de forma discreta.
A resposta de Buffett: é muito melhor fazer filantropia em público para dar o exemplo e influenciar os outros a fazerem o mesmo. A estratégia funcionou. Com Ellison e com outros 40 afortunados americanos que aderiram ao movimento de Gates e Buffett e prometeram doar ao menos metade do patrimônio pessoal. Entre eles, Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, e o empresário David Rockfeller.
Nos EUA há uma tradição muito maior de filantropia do que no Brasil. Mas as coisas por aqui, também nessa área, estão mudando.
Leona Forman, a extraordinária presidente da Brazil Foundation de Nova York, deu-me a honra e o privilégio de ser o "chairman" da noite de arrecadação de fundos que a entidade realiza a cada setembro na cidade. A Brazil Foundation, que faz dez anos neste ano, levanta recursos nos Estados Unidos para apoiar projetos sociais no Brasil.
Leona e a Brazil Foundation merecem o apoio do Brasil inteiro. Por isso, tenho dedicado todo o tempo que não tenho para inserir definitivamente o Brazil Foundation Gala no calendário de responsabilidade social de Nova York.
Andrew Carnegie dizia que é a comunidade que gera o dinheiro que se ganha e a ela esse dinheiro deve retornar. No Brasil, esse raciocínio precisa se propagar com maior velocidade. Embora nos últimos anos o país tenha visto crescer o número de ricos e de empresas bilionárias, são sempre os mesmos doadores ajudando as mais diversas causas.
A Brazil Foundation já ajudou mais de 185 projetos sociais no Brasil, levantando mais de US$ 8,5 milhões. E teria feito muito mais se nós, doadores, tivéssemos sido mais atentos e mais generosos.
Vender mesas de baile beneficente é muito chato. Pedir patrocínio, pior ainda. Mas o entusiasmo de Leona e seu amor pelo Brasil me animam. É verdade que quando Leona me escolheu para "chairman", ela não teve juízo. Sempre digo: não me convidem para não mudar as coisas. Mudei tudo para fazermos uma noite à altura da Brazil Foundation, do trabalho de Leona e do novo Brasil que representamos.
Teremos um almoço-palestra no Cipriani de Wall Street em que os editores do "Financial Times" e os homenageados da noite -Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Angela Gutierrez e Jair Ribeiro- falarão para jornalistas, patrocinadores, mercado financeiro e doadores sobre esse "new Brasil".
À noite, no Metropolitan Museum, Vik Muniz e Fernanda Motta serão apresentadores do Gala, no qual falarão também Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, e, com fé em Deus, Graça Machel.
A dois meses da festa, praticamente todas as mesas foram vendidas pelos extraordinários preços de US$ 50 mil, US$ 25 mil e US$ 15 mil. Algumas das maiores empresas brasileiras, inclusive a Folha, apoiam o evento.
Após o Gala no Metropolitan Museum haverá um "after party" no Boom Boom Room, também beneficente, para atingir jovens e membros da comunidade brasileira que querem ajudar e não podem pagar preços tão altos.
No mundo em que nasci, responsabilidade social era vista como caridade. No mundo de Bill Gates, Warren Buffett e Michael Bloomberg é inadmissível que alguém que tenha tido algum sucesso não se motive apaixonadamente para incluir socialmente mais pessoas, para fazer a diferença e deixar um legado social.
Esses são os novos-ricos do mundo.

NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças, a cada 15 dias, nesta coluna.


AMANHÃ EM MERCADO:
Mario Mesquita




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