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Empresas levantam US$ 6 bi no exterior
Setor privado se adianta ao Tesouro Nacional pela primeira vez na captação de recursos com títulos da dívida
Tesouro Nacional e Banco do Brasil também devem levantar até
US$ 1,5 bilhão cada
no mercado de global
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Empresas brasileiras de
primeira linha conseguiram
levantar no exterior nesta semana, a primeira após as férias no hemisfério Norte,
mais de US$ 6 bilhões com a
venda de títulos de dívida de
longo prazo. É o maior ritmo
já ocorrido em um período
tão curto. Até julho, as captações eram de US$ 21 bilhões.
Pela primeira vez, as empresas foram ao exterior antes do Tesouro Nacional, que
costuma abrir as temporadas
de captações. O Tesouro também planeja vender US$ 1,5
bilhão em títulos da República, segundo os bancos.
Como representa, em tese,
o menor risco do país, a República brasileira testa o apetite do mercado e cria uma espécie de piso para os juros
das demais dívidas privadas,
que saem com taxas maiores.
"Essa realidade mudou.
Existe uma demanda forte lá
fora por papéis de empresas
brasileiras. Não precisa mais
o Tesouro dar essa referência", disse Alberto Kiraly, diretor da Anbima (associação
do mercado de capitais).
Nesta semana, a Vale captou US$ 1,75 bilhão com
emissão de títulos de 10 e de
30 anos com juros de 4,748%
e 6,074%, respectivamente.
Só neste ano, a Vale já captou
US$ 2,75 bilhões, ultrapassando o Bradesco como o
maior emissor brasileiro de
dívida privada no exterior.
O objetivo é trocar dívida
de curto por longo prazo,
com juro menor.
Desde a crise, os países desenvolvidos -e suas empresas- reduziram os juros, diminuindo o ganho dos investidores. Com isso, aumentou
o apetite por países que têm
taxas altas e risco baixo, como o Brasil.
O BNDES abriu uma captação de US$ 1,3 bilhão. Também emitiram bônus a Odebrecht (US$ 500 milhões) e a
Oi (US$ 1 bilhão). Ontem,
anunciaram captações a Embraer (US$ 1 bilhão), a Suzano (US$ 500 milhões) e a JBS
(US$ 300 milhões).
No forno, está ainda uma
captação do Banco do Brasil
de cerca de US$ 1,5 bilhão.
Para Kiraly, falta o mercado se abrir para financiar empresas de menor porte, como
ocorria antes da crise. "Temos de abrir mercado para
empresas de segunda linha."
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