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DE VENTO EM POPA
Salão náutico que será aberto na quinta prevê R$ 200 milhões em negócios; país produz 4.600 barcos
por ano
AGNALDO BRITO
MOACYR LOPES JUNIOR
DE SÃO PAULO
Foram 20 toneladas. Deu
trabalho ajeitar a lancha de
53 pés no terceiro andar do
shopping Cidade Jardim, um
dos mais badalados centros
de compras da capital paulista. A extravagância não foi à
toa. Barcos -sobretudo com
motores- são o novo luxo da
classe média-alta nacional.
São também um termômetro da confiança do consumidor. E esta está nas alturas. A
indústria de produtos náuticos vive uma corrida inédita.
Os negócios no setor devem
crescer de 10% a 15% neste
ano, razão suficiente para
anúncios de novos investimentos em estaleiros.
Na próxima quinta-feira,
dia 14, o setor abre a edição
2010 do "São Paulo Boat
Show". O evento, o maior salão náutico em área coberta
da América Latina, deve render negócios que, somados,
chegam a R$ 200 milhões.
A Tools & Toys, holding
brasileira que representa a
Ferretti, marca italiana que
licencia os modelos produzidos no Brasil, anunciou a expansão do estaleiro.
Segundo Nelson Waisbich, vice-presidente de vendas, a empresa vai transferir
a fábrica de Barueri para Jandira a fim de quadruplicar a
montagem de barcos.
"Temos uma unidade com
capacidade para produzir 30
barcos por ano. Na nova fábrica poderemos montar 120
unidades", diz. É uma das
maiores apostas de uma empresa do setor no Brasil.
A Azimut, outra grife dos
barcos a motor -também italiana-, está montando em
Santa Catarina um estaleiro
para a produção de embarcações no país. O fenômeno
econômico registrado nesse
ramo revela o espírito do consumidor brasileiro.
"O mercado náutico é um
excepcional termômetro para identificar o nível de confiança das pessoas. Esse é o
primeiro setor a parar numa
incerteza econômica. É também o último a voltar a crescer após um período de avanço da economia", explica
Paulo Renha, dono do estaleiro Real Power Boats, instalado no Rio de Janeiro.
Fabricante de barcos de
até 46 pés, Renha explica
que, além dos ventos favoráveis da economia, o mercado
de crédito é o arrimo que faltava para a expansão das encomendas. "Para barcos menores, há oferta abundante
de crédito. Hoje, qualquer
um financia um barco como
se financia um carro", diz.
Financeira do Santander,
a Aymoré prepara-se para faturar contratos de financiamento de até 60 meses no salão. A instituição já identificou o alvo: profissionais liberais ou pequenos e médios
empresários com disposição
para adquirir barcos de R$ 50
mil a R$ 300 mil. Esse é o perfil do novo comprador.
FALTA DE MARINAS
A expansão do mercado
náutico brasileiro tornou-se
tão acelerada que gente do
ramo já vislumbra um novo
problema adiante: a falta de
marinas. As marinas e garagens de barcos começam a ficar de todo ocupadas, e essa
não é uma questão simples
para se resolver.
A legislação ambiental
brasileira está longe de ser favorável à criação de áreas para atracação dessas pequenas embarcações.
Berardino Antônio Fanganiello, comodoro do Iate Clube de Santos -o maior do
país-, já percebeu o problema. "Se olharmos para a costa brasileira, não há projeto
algum para a criação de marinas, e isso porque há uma
visão ecologista equivocada
sobre as marinas", diz. Basta
uma volta no Iate Clube de
Santos para ver a ocupação.
INDÚSTRIA
Os estaleiros fabricantes
de barcos para recreio calculam produzir 4.600 unidades
neste ano. Faturarão pouco
mais de US$ 500 milhões,
uma parte com exportações.
Como a que fez Manoel
Chaves, dono do estaleiro
MCP Yachts, no Guarujá. Ele
entregou há poucos dias um
iate de 90 pés. O comprador?
Um milionário russo que pagou US$ 9 milhões. A nave já
flutua no Mediterrâneo.
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