São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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DE VENTO EM POPA

Salão náutico que será aberto na quinta prevê R$ 200 milhões em negócios; país produz 4.600 barcos por ano

AGNALDO BRITO
MOACYR LOPES JUNIOR
DE SÃO PAULO

Foram 20 toneladas. Deu trabalho ajeitar a lancha de 53 pés no terceiro andar do shopping Cidade Jardim, um dos mais badalados centros de compras da capital paulista. A extravagância não foi à toa. Barcos -sobretudo com motores- são o novo luxo da classe média-alta nacional.
São também um termômetro da confiança do consumidor. E esta está nas alturas. A indústria de produtos náuticos vive uma corrida inédita. Os negócios no setor devem crescer de 10% a 15% neste ano, razão suficiente para anúncios de novos investimentos em estaleiros.
Na próxima quinta-feira, dia 14, o setor abre a edição 2010 do "São Paulo Boat Show". O evento, o maior salão náutico em área coberta da América Latina, deve render negócios que, somados, chegam a R$ 200 milhões.
A Tools & Toys, holding brasileira que representa a Ferretti, marca italiana que licencia os modelos produzidos no Brasil, anunciou a expansão do estaleiro.
Segundo Nelson Waisbich, vice-presidente de vendas, a empresa vai transferir a fábrica de Barueri para Jandira a fim de quadruplicar a montagem de barcos.
"Temos uma unidade com capacidade para produzir 30 barcos por ano. Na nova fábrica poderemos montar 120 unidades", diz. É uma das maiores apostas de uma empresa do setor no Brasil.
A Azimut, outra grife dos barcos a motor -também italiana-, está montando em Santa Catarina um estaleiro para a produção de embarcações no país. O fenômeno econômico registrado nesse ramo revela o espírito do consumidor brasileiro.
"O mercado náutico é um excepcional termômetro para identificar o nível de confiança das pessoas. Esse é o primeiro setor a parar numa incerteza econômica. É também o último a voltar a crescer após um período de avanço da economia", explica Paulo Renha, dono do estaleiro Real Power Boats, instalado no Rio de Janeiro.
Fabricante de barcos de até 46 pés, Renha explica que, além dos ventos favoráveis da economia, o mercado de crédito é o arrimo que faltava para a expansão das encomendas. "Para barcos menores, há oferta abundante de crédito. Hoje, qualquer um financia um barco como se financia um carro", diz.
Financeira do Santander, a Aymoré prepara-se para faturar contratos de financiamento de até 60 meses no salão. A instituição já identificou o alvo: profissionais liberais ou pequenos e médios empresários com disposição para adquirir barcos de R$ 50 mil a R$ 300 mil. Esse é o perfil do novo comprador.

FALTA DE MARINAS
A expansão do mercado náutico brasileiro tornou-se tão acelerada que gente do ramo já vislumbra um novo problema adiante: a falta de marinas. As marinas e garagens de barcos começam a ficar de todo ocupadas, e essa não é uma questão simples para se resolver.
A legislação ambiental brasileira está longe de ser favorável à criação de áreas para atracação dessas pequenas embarcações.
Berardino Antônio Fanganiello, comodoro do Iate Clube de Santos -o maior do país-, já percebeu o problema. "Se olharmos para a costa brasileira, não há projeto algum para a criação de marinas, e isso porque há uma visão ecologista equivocada sobre as marinas", diz. Basta uma volta no Iate Clube de Santos para ver a ocupação.

INDÚSTRIA
Os estaleiros fabricantes de barcos para recreio calculam produzir 4.600 unidades neste ano. Faturarão pouco mais de US$ 500 milhões, uma parte com exportações.
Como a que fez Manoel Chaves, dono do estaleiro MCP Yachts, no Guarujá. Ele entregou há poucos dias um iate de 90 pés. O comprador? Um milionário russo que pagou US$ 9 milhões. A nave já flutua no Mediterrâneo.


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