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ANÁLISE PETRÓLEO
Os desafios do país no uso dos recursos gerados pelo pré-sal
THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O petróleo da camada pré-sal voltou às manchetes recentemente porque novas
descobertas apontam que a
quantidade do recurso natural disponível para exploração parece ser bem maior do
que o originalmente imaginado pelo governo.
Não só existem especulações a respeito da quantidade (ainda que não confirmadas pela Petrobras), como
também sobre a qualidade
-há potencial de óleo leve,
mais valioso, nos reservatórios do pré-sal, em águas ultraprofundas da bacia de
Santos, no litoral paulista.
Com isso, o potencial dos
recursos a serem obtidos nos
próximos anos com a exploração de petróleo é enorme,
trazendo à tona a questão da
utilização e da partilha dos
recursos pelos entes da Federação.
As eleições deste ano e o
fim do mandato do atual
Congresso acabaram adiando as discussões sobre o novo marco regulatório, mas o
tema deve voltar à pauta no próximo ano.
Entre os projetos de lei sobre o tema estão o modelo de
contrato de partilha da produção, a criação da Petro-Sal
e o fundo social, além da capitalização da Petrobras, já aprovada.
Quanto à partilha da produção, inicialmente foi proposta uma divisão igualitária
entre Estados produtores e não produtores.
Depois, percebendo-se
que isso geraria um desequilíbrio nas contas dos Estados
produtores e a consequente
necessidade de revisão do
sistema tributário, uma nova proposta veio à tona.
Essa nova proposta sinalizou que a União poderia
compensar os Estados produtores durante algum tempo, até que a receita gerada
pela exploração do petróleo
fosse suficiente para compensar, por si só, a mudança
da estrutura de tributação
hoje existente.
PLANO DE GESTÃO
Embora haja ainda muitas
dúvidas quanto à divisão dos
ganhos -mesmo sobre
quando eles começarão a
ocorrer-, o ponto-chave é o
uso dos recursos provenientes da exploração do pré-sal.
A cessão onerosa feita pela
União neste ano é um bom
exemplo. Os recursos, que,
nesse caso, são do tipo entrada única -ou seja, não constituem um fluxo-, foram utilizados para compor o superavit primário. Sem eles, não
seria possível atingir a meta,
ainda que considerados os descontos.
Esse exemplo deixa claro
que é imprescindível um plano de gestão para que os recursos obtidos com a exploração do pré-sal, sejam eles
do tipo entrada única ou fluxo, recebam uma destinação
adequada -investimento em
infraestrutura e/ou redução
da carga tributária, por exemplo.
Em suma, o momento é
adequado para incluir o bônus gerado pela exploração
do pré-sal numa agenda de
longo prazo, em vez de utilizá-lo para pagar gastos correntes.
THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe
da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.
Internet: www.rosenberg.com.br
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