|
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
Caixa intervém em banco de Silvio Santos
PanAmericano anuncia que constatou problemas contábeis e recebe R$ 2,5 bi; sócia, CEF põe executivos no comando
Silvio Santos, que é controlador majoritário do banco, pediu ajuda oficial a Lula, mas ideia não foi bem recebida
LEONARDO SOUZA
FERNANDO RODRIGUES
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O Grupo Silvio Santos foi
obrigado a fazer uma injeção
de capital para cobrir um
rombo de R$ 2,5 bilhões no
banco PanAmericano, instituição que enfrentou problemas de caixa em 2008 e que
teve 35,54% de seu capital
vendido para a Caixa Econômica Federal por R$ 739,2 milhões no final de 2009.
O aporte será feito com dinheiro emprestado do FGC
(Fundo Garantidor de Crédito), um colchão de recursos
administrados pelo conjunto
de bancos para cobrir perdas
dos correntistas em caso de
quebra de instituições. Para
obter o dinheiro, o grupo deu
bens seus como garantia.
Sem essa capitalização, o
PanAmericano ficaria com
patrimônio líquido negativo
e teria de ser liquidado pelo
Banco Central. Para evitar esse desfecho, a solução encontrada foi um duplo socorro: do governo e dos bancos.
Toda a diretoria antiga
caiu. Na prática, o banco sofreu uma "intervenção branca" e será agora administrado por executivos indicados
pela Caixa e pelo BC.
O grupo Silvio Santos admitiu "inconsistência contábil" nas contas do banco,
mas informou que a instituição não terá perda patrimonial. E informou que o dinheiro servirá para restabelecer o "pleno equilíbrio", ampliar a liquidez e preservar o
atual nível de capitalização.
Desde meados de outubro,
as ações caíram 25% na Bolsa
-só ontem, recuaram 6,75%.
SUSPEITA DE FRAUDE
A intervenção deve-se a
uma reavaliação de risco da
carteira de crédito do banco,
que tem forte exposição no financiamento de carro usado.
O PanAmericano teria
classificado seu crédito de
maior risco de forma otimista, reduzindo a necessidade
de fazer provisionamento alto para cobrir eventual calote. No segundo trimestre, o
Banco Central havia pedido
provisões adicionais de
R$ 120 milhões.
Se esse otimismo for considerado intencional, pode
configurar fraude contábil.
A fraude teria passado pelo crivo de auditores internos
e externos e do próprio BC
-que aprovou em julho o negócio com a Caixa.
Segundo a Folha apurou,
Silvio Santos tratou das dificuldades enfrentadas pelo
PanAmericano durante encontro com Lula em Brasília
em setembro. Na ocasião, Lula não mostrou simpatia pela
ideia de oferecer ajuda oficial. Em ao menos mais uma
oportunidade, Silvio voltou a
procurar Lula para abordar o
tema, mas não foi atendido.
Procurados Caixa, BC e
PanAmericano preferiram
não comentar o caso.
Texto Anterior: Logística: LLX tem prejuízo de R$ 3,27 mi no 3º tri Índice | Comunicar Erros
|