São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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Dilma prepara mais medidas para o dólar

Novo aumento no IOF pode ser anunciado ainda nesta semana; corte no Orçamento também seria usado para frear real

Tesouro poderá usar Fundo Soberano para atuar no câmbio futuro, o que deve ajudar a conter a queda do dólar

SHEILA D'AMORIM
NATUZA NERY
MARIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

Depois de adotar medidas para reduzir o volume das operações dos bancos com câmbio, que ajudam a derrubar o dólar, o governo reforçou, ontem, seus instrumentos para tentar diminuir também o ganho dos investidores nessas especulações.
O Tesouro foi autorizado a comprar e vender dólar nos mercados futuros, usando o dinheiro do Fundo Soberano do Brasil, uma poupança do governo em reais.
Além disso, a Fazenda quer anunciar ainda nesta semana novas medidas para conter a alta do real, o que deve incluir a divulgação do quanto será bloqueado do Orçamento.
Segundo a Folha apurou, o anúncio depende da cotação do dólar na semana, e a estratégia é apresentar tudo antes da reunião do Copom, na próxima semana. Apesar de o Planalto já dar como certa uma elevação dos juros, quer evitar uma alta "draconiana" da Selic.
Na lista de possibilidades, está novo aumento do IOF para o investidor estrangeiro.
Já se discute um corte acima de R$ 40 bilhões no Orçamento, montante considerado alto por parte da equipe.
O desenho final das medidas depende da aprovação de Dilma Rousseff, que quer um bloqueio realista, evitando liberações futuras.
Com o corte de gastos, o juro, que atrai capital externo, pode subir menos, o que evitaria maior alta do real.

FUTUROS
Para influir no dólar, o governo tem basicamente dois canais: compra e venda de moeda à vista e as negociações nos mercados futuros.
Aí estão incluídas as negociações com dólar fechadas hoje, mas com data de encerramento um período à frente (mercado futuro de dólar), e também os contratos de câmbio que misturam dois indexadores ("swaps").
O volume movimentado nessas operações é cerca de seis vezes maior do que as operações à vista e influencia muito mais a formação diária do câmbio do que os dólares que entram no Brasil e são comprados pelo BC.
Nesses mercados, o estímulo é a rentabilidade. O investidor entra no país, vende dólares, compra reais, aplica os recursos aqui recebendo juros de 10,75% ao ano e se protege de riscos com contratos fechados na BM&FBovespa para vencimento futuro.
O ganho dessa operação é o chamado cupom cambial, que mescla juros pagos no país com expectativa de variação do câmbio.
Ao atuar nos mercados futuros, o governo tentará interferir justamente nessa rentabilidade, fazendo com que a expectativa de oscilação do valor do real ante o dólar aumente, o que consumirá parte do ganho dos aplicadores.
O governo usará dinheiro do Fundo Soberano, administrado pelo Tesouro, para essa finalidade.


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