São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011

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Entrada de dólares já supera a de 2010

Saldo do fluxo cambial é de US$ 24,356 bi; governo prepara medidas para proteger setor exportador de dólar barato

Resultado é puxado por investimentos de longo prazo e empréstimos feitos por empresas brasileiras no exterior

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Apesar da ameaça do governo de adotar novas medidas para segurar a queda do dólar, a entrada de moeda estrangeira no país e a especulação no câmbio seguem fortes neste início de ano.
Até o último dia 4, entraram líquidos (diferença entre ingressos e saídas) US$ 24,356 bilhões, mais que o verificado em todo o ano de 2010 (US$ 24,354 bilhões), segundo o Banco Central.
O resultado é puxado por operações financeiras, principalmente, investimentos estrangeiros de longo prazo no setor produtivo e empréstimos feitos por empresas brasileiras no exterior.
Já o capital especulativo de curto prazo parou de entrar no final do ano passado, quando o governo aumentou a tributação sobre investimento estrangeiro em renda fixa. Também caíram as aplicações na Bolsa.
Outro fator que pressiona a cotação da moeda é o aumento da especulação.
As dívidas dos bancos no mercado à vista subiram de US$ 11 bilhões em janeiro para US$ 12,7 bilhões, o que significa uma aposta maior na queda do dólar. O BC já adotou medidas para punir as instituições, a partir de abril, caso esse valor não caia para US$ 10 bilhões.
Com mais dólares entrando no país, as intervenções do BC também aumentaram. A instituição comprou, em pouco mais de dois meses, o equivalente a 44% das aquisições feitas em 2010, quando esse valor foi recorde.
Foram quase US$ 20 bilhões, que ajudaram a elevar as reservas em dólar do Brasil para o patamar recorde de US$ 311 bilhões. Cotado a R$ 1,661, o dólar acumula queda de 0,3% no ano.

RECUPERAÇÃO
Para analistas, não há demanda suficiente por dólares no mercado para que haja uma recuperação no preço da moeda norte-americana.
É possível apenas agir para evitar uma queda maior, além de adotar medidas para fortalecer o setor exportador, que recebe cada vez menos reais por suas vendas em moeda estrangeira.
Reportagem de ontem da Folha mostrou que técnicos do Ministério da Fazenda e do BC preparam medidas na área cambial, que só esperam o aval da presidente Dilma Rousseff.
A equipe econômica chegou a um consenso de que é preciso fazer algo para reduzir o impacto da entrada de dólares no país. Desde 2010, o governo elevou impostos, aumentou seu poder de intervenção no câmbio e anunciou restrições à especulação com a moeda estrangeira.
Analistas afirmam que apenas mudanças na política monetária dos EUA devem ajudar a conter o fluxo para países emergentes.


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