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Basf muda direção e quer investir no pré-sal
Empresa visa reduzir dependência de compras de petróleo e
garantir acesso à matéria-prima
DE SÃO PAULO
Gigante de 51 bilhões, a
Basf começou a desenhar
planos mais ambiciosos para
a operação na América do
Sul. O novo presidente para a
região, Alfred Hackenberger,
59, admitiu que a empresa
tem interesse em investir no
pré-sal.
O objetivo da companhia é
reduzir a dependência das
compras de petróleo e garantir acesso à matéria-prima,
um dos problemas enfrentados pela companhia no mundo e no Brasil.
De acordo com Hackenberger, o primeiro passo será
buscar dados na Petrobras,
líder em exploração em
águas profundas.
Não é um negócio desconhecido pela Basf. A companhia detém concessões no
mar do Norte, mas a produção de petróleo na região
ocorre em campos localizados em águas rasas. Não é o
caso do pré-sal.
"Temos atividades de exploração na Argentina e no
mar do Norte e estamos interessados em novas oportunidades [no Brasil], mas ainda
é muito cedo para saber se o
pré-sal oferecerá alguma."
Mesmo assim, ele afirma
que o primeiro passo será um
encontro com a Petrobras.
"Ainda não temos planos
concretos, mas queremos falar com a Petrobras [sobre o
pré-sal]. Queremos entender
a tecnologia de exploração
de petróleo em águas profundas", disse.
CRESCIMENTO
A busca de oportunidades
na exploração de petróleo na
camada pré-sal é parte de um
plano mais amplo, que consiste na expansão da produção interna de insumos químicos vendidos no Brasil e
na América do Sul.
O novo executivo da Basf
tem a missão de crescer mais
do que a indústria química
brasileira nos próximos dez
anos.
"O plano da companhia,
aprovado na Alemanha, prevê crescimento de 2% acima
da expansão média da indústria química nos próximos
anos", diz Hackenberger.
Pelas previsões da Basf, a
companhia terá condições de
crescer 8% ao ano.
Até o ano passado, o faturamento da empresa na América Latina alcançou 5 bilhões, 2 bilhões com as operações no Brasil.
Para obter esses resultados, a companhia anunciou
investimento de 250 milhões até 2014.
Os recursos financiarão a
expansão de unidades industriais, entre as quais o aumento na produção da fábrica da Suvinil, o negócio mais
conhecido da Basf pelos consumidores. A marca é líder
no mercado de tintas e esmaltes.
NOVO BRASIL
Para a companhia, o crescimento do mercado de construção civil e o peso do país
no setor agrícola justificam
as apostas no Brasil.
Hackenberger, que viveu
no Brasil entre 1987 e 1995,
afirma que se surpreendeu
com o novo momento econômico do país.
"Estive aqui num período
de hiperinflação. Sabia da estabilidade econômica, mas
confesso que é difícil dissipar
a imagem que tive do Brasil
naquele período."
Ele lembra a desorganização econômica provocada
pela inflação e ainda se recorda de momentos de desabastecimento no país.
"O esforço naquela época
consistia em defender o valor
do dinheiro. Hoje, é possível
usar energia para planejar investimentos. Naquela época,
isso não era possível", afirma
o executivo.
(AB)
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