São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Basf muda direção e quer investir no pré-sal

Empresa visa reduzir dependência de compras de petróleo e garantir acesso à matéria-prima

DE SÃO PAULO

Gigante de 51 bilhões, a Basf começou a desenhar planos mais ambiciosos para a operação na América do Sul. O novo presidente para a região, Alfred Hackenberger, 59, admitiu que a empresa tem interesse em investir no pré-sal.
O objetivo da companhia é reduzir a dependência das compras de petróleo e garantir acesso à matéria-prima, um dos problemas enfrentados pela companhia no mundo e no Brasil.
De acordo com Hackenberger, o primeiro passo será buscar dados na Petrobras, líder em exploração em águas profundas.
Não é um negócio desconhecido pela Basf. A companhia detém concessões no mar do Norte, mas a produção de petróleo na região ocorre em campos localizados em águas rasas. Não é o caso do pré-sal.
"Temos atividades de exploração na Argentina e no mar do Norte e estamos interessados em novas oportunidades [no Brasil], mas ainda é muito cedo para saber se o pré-sal oferecerá alguma."
Mesmo assim, ele afirma que o primeiro passo será um encontro com a Petrobras.
"Ainda não temos planos concretos, mas queremos falar com a Petrobras [sobre o pré-sal]. Queremos entender a tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas", disse.

CRESCIMENTO
A busca de oportunidades na exploração de petróleo na camada pré-sal é parte de um plano mais amplo, que consiste na expansão da produção interna de insumos químicos vendidos no Brasil e na América do Sul.
O novo executivo da Basf tem a missão de crescer mais do que a indústria química brasileira nos próximos dez anos.
"O plano da companhia, aprovado na Alemanha, prevê crescimento de 2% acima da expansão média da indústria química nos próximos anos", diz Hackenberger.
Pelas previsões da Basf, a companhia terá condições de crescer 8% ao ano.
Até o ano passado, o faturamento da empresa na América Latina alcançou 5 bilhões, 2 bilhões com as operações no Brasil.
Para obter esses resultados, a companhia anunciou investimento de 250 milhões até 2014.
Os recursos financiarão a expansão de unidades industriais, entre as quais o aumento na produção da fábrica da Suvinil, o negócio mais conhecido da Basf pelos consumidores. A marca é líder no mercado de tintas e esmaltes.

NOVO BRASIL
Para a companhia, o crescimento do mercado de construção civil e o peso do país no setor agrícola justificam as apostas no Brasil.
Hackenberger, que viveu no Brasil entre 1987 e 1995, afirma que se surpreendeu com o novo momento econômico do país.
"Estive aqui num período de hiperinflação. Sabia da estabilidade econômica, mas confesso que é difícil dissipar a imagem que tive do Brasil naquele período."
Ele lembra a desorganização econômica provocada pela inflação e ainda se recorda de momentos de desabastecimento no país.
"O esforço naquela época consistia em defender o valor do dinheiro. Hoje, é possível usar energia para planejar investimentos. Naquela época, isso não era possível", afirma o executivo. (AB)


Texto Anterior: Indústria química quer 4% do petróleo
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.