|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para competir com chineses, Estrela vai relançar clássicos
Ferrorama, Autorama e Banco Imobiliário são relançados; demanda foi descoberta na internet
45% do mercado pertence a estrangeiros; empresa quer ganhar mercados externos com produtos em bioplástico
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
Nascida nos anos 1930, a
Estrela aproveita uma onda
de saudosismo virtual para
relançar clássicos.
A empresa liderou o mercado interno de brinquedos
100% nacionais até o início
do Plano Real e depois viu os
seus consumidores serem
abocanhados pela concorrência chinesa.
O projeto de relançamentos começou com um mapeamento de redes sociais, como
Orkut, que detectou comunidades de fãs do Ferrorama.
São na maioria homens na
faixa de 40 anos que, um dia,
já se divertiram com o circuito de trilhos onde serpenteava uma locomotiva.
A partir disso, uma campanha publicitária, que levou o
brinquedo para percorrer os
os 20 quilômetros finais do
caminho de Santiago de
Compostela, na Espanha,
traz o Ferrorama de volta às
lojas em agosto.
Estratégias envolvendo a
web foram adotadas para outros produtos considerados
"ícones", como o Autorama
(de pista de corrida).
"Com as redes sociais, estamos resgatando o público
do passado", diz Carlos
Tlkian, presidente da Estrela.
E, para os filhos desses
consumidores, há outros
clássicos "modernizados".
No mês que vem, chega às
prateleiras a boneca Susi "Ti-ti-ti", com referência ao mundo da moda. E o Super Banco
Imobiliário traz elementos
que podem gerar discussão
entre pais e educadores.
Com o tabuleiro, vem uma
maquininha de cartão de crédito MasterCard para as compras fictícias de produtos de
empresas como Vivo, Fiat e
Postos Ipiranga. Ostensivo?
"São itens que as crianças conhecem", diz Tilkian.
INVESTIMENTOS
Só nas novas versões de
brinquedos, a Estrela planejou investimento de R$ 5 milhões neste ano. Em 2009,
não houve relançamentos.
Em 2010, o orçamento para as áreas de produtos e publicidade foi previsto em
R$ 20 milhões. No ano passado, foram R$ 15 milhões.
A Estrela faturou R$ 114
milhões em 2009, 8% mais
do que em 2008.
CONCORRÊNCIA
Segundo Tilkian, a empresa nunca perdeu a liderança
relativa entre as companhias
nacionais -sendo a única
com ações em Bolsa.
Mas, desde a abertura do
mercado, nos anos 1990, os
grupos brasileiros, que supriam toda a demanda do
país, perderam 45% do bolo
para os estrangeiros -especialmente os chineses.
A própria Estrela, hoje, para ser mais competitiva internamente, importa itens da
China (o que corresponde a
45% do faturamento).
Externamente, a aposta da
empresa é levar brinquedos
do Brasil, feitos com material
sustentável (como bioplástico), para consumidores europeus e americanos.
"Diferenciação é a única
forma de competir com os
chineses", diz Tilkian.
Texto Anterior: Análise: Indústria química entra na fase de "aprender com rapidez" Próximo Texto: Matérias-primas são 43% da exportação Índice
|