São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Queda no preço do ferro pode afetar contas externas do Brasil

DE SÃO PAULO

A conjuntura econômica mundial pós-crise de 2008 tem sido fundamental para o desempenho relativamente positivo da balança comercial brasileira.
Mas economistas afirmam que esses ventos podem mudar, levando a uma forte deterioração das contas externas do país.
Cálculos feitos pelo Itaú Unibanco mostram que, desde o primeiro trimestre de 2009, a média dos preços dos produtos exportados pelo Brasil aumentou 20%.
Durante o mesmo período, os preços da pauta importadora subiram apenas 2%.
Isso compensou o fato de o volume de importações ter dado um salto de 50%, ante aumento de 20% das quantidades exportadas (as contas do banco levam em consideração variações sazonais).
"Há um descompasso entre o crescimento de países desenvolvidos e emergentes. Com isso, a demanda por manufaturados caiu, e a por primários seguiu forte", diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.
A grande pergunta é: até quando o Brasil vai continuar se beneficiando da robusta demanda chinesa por suas commodities?
Ruben Damião, sócio da Galeão Serviços de Investimentos, acredita, por exemplo, que os preços do minério de ferro possam sofrer queda significativa nos próximos dois anos, à medida que maturarem importantes investimentos chineses em curso.
Isso teria efeito negativo sobre as contas externas do país porque a atual fase de crescimento brasileira, sustentada por consumo doméstico e investimentos, manterá em alta a demanda por produtos importados.
As projeções do deficit em conta-corrente (que contabiliza o balanço das transações do país com o exterior) para 2010 oscilam em torno de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), aumentando para cerca de 3% em 2011.
Segundo economistas, se esse número se aproximar de 4% do PIB, o país poderá encontrar maior dificuldade para financiar o deficit, o que forçaria um ritmo de crescimento econômico menor.


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