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Serviços consomem 1/3 do orçamento das famílias do país
Em 5 anos, peso de serviços cai, principalmente devido à variação menor do custo de itens de educação e saúde
Com crescimento da
renda, tendência é que
consumo de serviços
aumente em detrimento
de gastos mais básicos
PEDRO SOARES
DO RIO
Nos índices de inflação,
eles não estão segregados e,
por isso, passam quase despercebidos. Mas os serviços
-gastos como energia, telefone, médico, manicure-
pesam pouco menos de um
terço no orçamento familiar.
Incluídos gastos com alimentação fora de casa, os
serviços contribuíram com
30,4% da despesa total, estimada em R$ 2.626 ao mês -a
cifra corresponde ao orçamento médio de todas as famílias do país, independentemente de região ou renda.
Excluídos os desembolsos
em bares, lanchonetes e restaurantes, o peso cai para
25,4% na POF (Pesquisa de
Orçamentos Familiares) de
2008-2009, percentual menor do que os 27,2% de 2002-2003, quando havia sido realizada a pesquisa anterior.
Os serviços abrigam preços de duas naturezas: os livres, regulados pelo mercado, como os serviços de alimentação, e os administrados, que agregam tarifas públicas (como energia, telefone e esgoto) e preços controlados pelo governo (como gasolina e gás de cozinha).
Juntos, os administrados
representam nada menos do
que 17,1% do orçamento e ganharam participação em relação à POF de 2002-2003
-quando correspondiam a
16,7%, segundo dados compilados pela Folha.
A redução do peso dos serviços ocorreu especialmente
pela menor variação do custo
de alguns itens importantes
de saúde e educação. O peso
do dentista, por exemplo, cedeu de 0,6% para 0,3% entre
as duas pesquisas. Já os colégios passaram de 1% para
0,6%. Os cursos superiores
caíram de 1,1% para 0,8%.
MAIS SERVIÇOS
Para Rafael Bacciotti, da
Tendências Consultoria, a
tendência a longo prazo, porém, é que, com o crescimento do padrão de rendimento
da população, o consumo de
serviços aumente em detrimento de gastos mais básicos, como os de alimentação.
Um exemplo é o cabeleireiro, item de maior gasto entre
as despesas pessoais -com
peso de 0,6% no orçamento.
O gasto é comparável ao do
álcool combustível: 0,5%.
A perda atual de peso, diz
Bacciotti, pode ser atribuída
à migração para a educação e
saúde públicas, já que o custo desses serviços acompanhou a inflação.
"O brasileiro passou a usar
mais a saúde e a educação
oferecidas pelo Estado talvez
pela melhora da qualidade
ou pelo fato de as famílias
passarem a priorizar outros
gastos", diz Bacciotti.
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