São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Serviços consomem 1/3 do orçamento das famílias do país

Em 5 anos, peso de serviços cai, principalmente devido à variação menor do custo de itens de educação e saúde

Com crescimento da renda, tendência é que consumo de serviços aumente em detrimento de gastos mais básicos


PEDRO SOARES
DO RIO

Nos índices de inflação, eles não estão segregados e, por isso, passam quase despercebidos. Mas os serviços -gastos como energia, telefone, médico, manicure- pesam pouco menos de um terço no orçamento familiar.
Incluídos gastos com alimentação fora de casa, os serviços contribuíram com 30,4% da despesa total, estimada em R$ 2.626 ao mês -a cifra corresponde ao orçamento médio de todas as famílias do país, independentemente de região ou renda.
Excluídos os desembolsos em bares, lanchonetes e restaurantes, o peso cai para 25,4% na POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2008-2009, percentual menor do que os 27,2% de 2002-2003, quando havia sido realizada a pesquisa anterior.
Os serviços abrigam preços de duas naturezas: os livres, regulados pelo mercado, como os serviços de alimentação, e os administrados, que agregam tarifas públicas (como energia, telefone e esgoto) e preços controlados pelo governo (como gasolina e gás de cozinha).
Juntos, os administrados representam nada menos do que 17,1% do orçamento e ganharam participação em relação à POF de 2002-2003 -quando correspondiam a 16,7%, segundo dados compilados pela Folha.
A redução do peso dos serviços ocorreu especialmente pela menor variação do custo de alguns itens importantes de saúde e educação. O peso do dentista, por exemplo, cedeu de 0,6% para 0,3% entre as duas pesquisas. Já os colégios passaram de 1% para 0,6%. Os cursos superiores caíram de 1,1% para 0,8%.

MAIS SERVIÇOS
Para Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, a tendência a longo prazo, porém, é que, com o crescimento do padrão de rendimento da população, o consumo de serviços aumente em detrimento de gastos mais básicos, como os de alimentação.
Um exemplo é o cabeleireiro, item de maior gasto entre as despesas pessoais -com peso de 0,6% no orçamento. O gasto é comparável ao do álcool combustível: 0,5%.
A perda atual de peso, diz Bacciotti, pode ser atribuída à migração para a educação e saúde públicas, já que o custo desses serviços acompanhou a inflação.
"O brasileiro passou a usar mais a saúde e a educação oferecidas pelo Estado talvez pela melhora da qualidade ou pelo fato de as famílias passarem a priorizar outros gastos", diz Bacciotti.


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