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EUA aumentam negócios com maconha
No Colorado, onde uso medicinal é liberado, empresas oferecem cartões de fidelidade e pontos de venda se proliferam
Na cidade de Boulder, produto é exposto em balcões de lojas e
pode ser encontrado
até em padarias
DAVID SEGAL
DO "NEW YORK TIMES", EM BOULDER, COLORADO
Nesta afluente cidade universitária conhecida pela
mentalidade ecológica, uma
das experiências mais estranhas da história recente do
capitalismo americano está
se desenrolando: a primeira
tentativa do país de regulamentar, licenciar e taxar
completamente um comércio de maconha com fins lucrativos.
Boulder possui hoje, dependendo de quem der a informação, entre 50 e 100 empresas que distribuem legalmente maconha medicinal, e
as melhores expõem seus
produtos em balcões de vidro, como os encontrados em
joalherias ou padarias finas.
As pessoas atrás dessas vitrines, conhecidas como
"budtenders", oferecem variedades com nomes como
"bubble gum" (chiclete),
"sour kush" ("kush" azedo),
"God's gift" (dom de Deus) e
"blue skunk" ("skunk" azul).
Michael Bellingham, dono
do Dispensário de Maconha
Medicinal de Boulder, segura
um pote da variedade "Jack,
o Estripador". "É muito séria,
muito forte. Vai direto para o
seu cérebro", diz ele.
No Colorado, foi aprovada
em 2000 uma emenda constitucional que legalizou a
maconha medicinal.
Centenas de dispensários
surgiram e um número surpreendente de moradores sofre de "dores severas", a mais
popular das oito condições
que podem ser tratadas legalmente com a erva que já foi
considerada "do demônio".
Muitos vendedores têm
longa história com a maconha e ainda hesitam em revelar seus verdadeiros nomes.
E nenhum dos donos se
ofereceu para mostrar ao repórter seu "grow", como são
conhecidas as plantações hidropônicas, em ambientes
fechados.
CARTÃO FIDELIDADE
Há regras estritas sobre o
tamanho das plantações e, é
claro, em âmbito federal, a
erva continua ilegal.
A maioria dos proprietários, porém, gosta de mostrar
seus produtos nas lojas.
Os clientes costumam
comprar um ou dois gramas
de cada vez, e muitos dispensários oferecem cartões de fidelidade -compre bastante
e ganhe um pouco de graça.
Se fumar não agrada, há
muitos alimentos feitos com
maconha, como biscoitos,
cremes e barras doces.
Os comerciantes de maconha do Colorado tiveram de
tomar muitas decisões básicas quando começaram.
Entre elas: qual deveria ser
a aparência de um dispensário de maconha medicinal?
Segundo a lei estadual, a
cannabis deve ficar em
"áreas de acesso limitado",
mas, no que diz respeito a diretrizes sobre decoração de
interiores, é tudo. Por isso, há
uma grande variedade.
O Greenest Green parece
um bar de Amsterdã (Holanda), com um quadro-negro
anunciando, em giz colorido,
as promoções do dia, assim
como um equipamento de
som que toca reggae.
Até a entrada em vigor de
uma nova lei, os pacientes
podiam se "medicar" no local, com opções que incluíam uma dose de óleo de
haxixe por US$ 5, com um
elaborado cachimbo de água
chamado "skillet".
O Green Room tem um bar
de café expresso e uma sala
separada para massagem.
Outro, o Dr. Reefer -(Dr. Baseado) é o nome do dispensário e o apelido do dono- é orgulhosamente bagunçado.
"Este lugar vendia cachorro-quente e se chamava
What's Up Dog, e meu lugar
era no porão", diz Pierre Werner, o Dr. Reefer em pessoa.
MEDICINAL
Os comerciantes dizem
que, para ter sucesso no negócio, são necessárias duas
coisas essenciais.
A mais importante é conseguir muitos "direitos de
cuidador", que qualquer pessoa com um certificado para
consumir maconha medicinal pode dar a seu vendedor
preferido.
Quanto mais direitos de
cuidador um dispensário
conseguir, mais maconha
poderá vender.
A segunda é: plante sua erva. Meio quilo de maconha
pode ser vendido no varejo
por algo entre US$ 5.000 e
US$ 7.500. Comprar essa
quantidade no atacado custa
cerca de US$ 4.000. Plantando você mesmo, custa cerca
de US$ 750 a US$ 1.000.
Uma série de regulamentos assinados pelo governador em junho deverá tirar do
negócio muitos dispensários.
Há restrições sobre horário,
licenciamento e rotulagem.
Os donos de dispensários,
de modo geral, não se queixam. Quanto mais regulamentado for o negócio, mais
fácil será operar, disse Ravi
Respeto, a gerente da Farmacy. A empresa gostaria de
expurgar o setor de sua imagem de contracultura e transformá-lo em uma corrente
dominante.
"O que se ouve falar é de
um bando de garotos que só
querem ficar "chapados". Você vê pouco disso no nosso
estabelecimento. O que mais
se vê são mulheres de 50
anos que sofrem de artrite e
esse é seu analgésico preferido", diz Respeto.
Tradução de LUIZ ROBERTO M. GONÇALVES
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