São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Trem-bala opõe governo e empreiteiras

Construtoras podem boicotar leilão marcado para hoje; coreanos e japoneses devem participar como parceiros

Governo acha que companhias foram intransigentes e colaboraram pouco para realizar obra

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

A decisão do governo de manter o leilão do trem-bala hoje na BM&FBovespa é mais uma tentativa de quebrar o domínio das cinco grandes empreiteiras brasileiras (Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez).
A postura das empresas foi interpretada pelo governo Dilma Rousseff como excessivamente intransigente e de pouca colaboração para tirar o projeto do papel.
Nos bastidores da negociação, circulava, no fim de semana, a informação de que Galvão e Constran podem se apresentar como líderes de um grupo que teria acordo com coreanos da Hyundai.
Mas o fato de os coreanos serem autores de um dos pedidos para o terceiro adiamento do leilão amplia a tendência de que eles estejam fora do negócio.
Grandes empresas, lideradas pela Andrade Gutierrez, teriam, segundo os mesmos relatos, acordo com os japoneses. Esta parceria é obrigatória para que se apresente uma proposta, já que o governo brasileiro exige que a tecnologia seja transferida.
A tendência, segundo fontes ouvidas pela Folha, é a de que não haja oferta no leilão de hoje. Os interessados no projeto têm entre 10 horas e 14 horas para entregar os cinco envelopes com documentos, garantias, a proposta econômico-financeira e o plano de execução da obras.
Se houver ofertante, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) avaliará a papelada e só abrirá a proposta no dia 29.
A decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) de que as receitas extras obtidas pelo consórcio operador do TAV (Trem de Alta Velocidade) - com espaço publicitário, por exemplo "" impliquem na redução da tarifa máxima cobrada dos passageiros tende a limitar mais a atratividade do negócio. A ANTT promete recorrer.
As construtoras chegaram a oferecer uma participação pequena, de 5% no negócio.
O governo avalia que as grandes empreiteiras não querem a chegada de construtoras internacionais no mercado brasileiro, mas também não aceitam tomar riscos nos projetos de interesse da gestão petista.
Ainda segundo a fonte, as construtoras estavam impondo uma taxa de risco sobre o negócio de 40%, daí a previsão destas de que o empreendimento custasse mais de R$ 60 bilhões.
O preço estimado pelo governo é R$ 35 bilhões, com um financiamento de pouco mais R$ 20 bilhões oferecido pelo BNDES.


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