São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011 |
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'Rede elétrica está no limite e fiação subterrânea é caos' Para ex-presidente da Eletropaulo, serviço vai continuar a piorar, com interrupções por sobrecarga
Eduardo Bernini sugere exploração de subsolo, por concessão, mas diz que elétrica e gás não podem dividir espaço
Folha - A qualidade do serviço de energia elétrica está caindo? Eduardo José Bernini - Estamos percebendo uma degradação da qualidade do serviço prestado. Estão ocorrendo mais interrupções e elas são mais percebidas do que eram no passado. Essa situação vem se agravando. As redes estão sobrecarregadas? Elas têm uma limitação física. Apesar de os equipamentos serem mais eficientes, a quantidade de aparelhos que incorporamos ao nosso dia a dia está fazendo com que a densidade do uso de energia elétrica por unidade consumidora seja muito maior. Não só nos momentos de pico mas ao longo do dia. O sistema está trabalhando no limite em quase tempo integral? Sim, e não podemos desconsiderar que a rede aérea é mais vulnerável do ponto de vista de interferências ocasionais, desde a batida de um carro desgovernado até raios, chuvas, ventos e tudo o mais. Nos deparamos também com problemas graves nas redes subterrâneas, como a explosão de bueiros... A conversão da rede aérea em rede subterrânea é a solução. Mas tem coisas que não se misturam. Por exemplo: gás não pode passar perto de energia elétrica. Rede de saneamento também não pode passar perto de rede elétrica, já que a decomposição de matéria orgânica emite gás metano, de alta combustão. Qual seria a solução? Defendo a rede subterrânea. O problema é que o subsolo é o caos. Ele foi ocupado de forma desordenada. Não existe uma política pública. Mas o que poderia ser feito? O ideal é que se tenha galerias onde cada uma das empresas ocupe determinada faixa, e o nível de interferência mútua entre elas seja o mínimo possível. Talvez um modelo de exploração dessas galerias mediante concessão seja a solução. Novas redes seriam construídas para a passagem, com ocupação das diferentes utilidades, e se teria uma regulamentação. O que acontece hoje é que cada um abre a sua vala e torce para não encontrar no meio do caminho uma outra já feita por uma companhia de gás ou água e saneamento. E as redes aéreas? São obsoletas? Não dá pra colocar mais postes e mais circuitos nas instalações existentes. A grande preocupação da última década foi garantir a expansão da oferta. Depois do racionamento, muitas políticas foram feitas para geração e transmissão de energia. Já na distribuição, mais direta com o consumidor, a ordem foi: vai tocando. Mas chegamos ao limite. Precisamos de uma política mais ousada para que a qualidade do fornecimento seja repensada. Texto Anterior: Licitação testa lei de publicidade estatal Próximo Texto: Mercedes não voltará aos carros no curto prazo Índice | Comunicar Erros |
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